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SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

29
Abr08

O MEU AVÔ ERA DO MAR

samueldabo
Respondendo ao desafio da minha amiga TiBéu . Aqui vai

A sua figura imponente, levemente dobrado dos esforços de puxa rede, puxa barco, arriba acima, corre, corre ao saco do peixe que se debatia em angústias de sede súbita e sem remédio.

Na cabeça prateada dos oitenta, o tradicional barrete, faça chuva ou sol. Na orelha, encaixada entre a patilha, à laia de lápis de merceeiro antigo, a agulha de madeira própria para coser as redes. Os pés descalços. Somente no pino do Inverno calçava meia de lã grossa e uns tamancos de sola de madeira.

A camisa de quadrados berrantes, a calça de cotim arregaçada a meia canela, deixando ver o branco das ceroulas e a fita caída que servia para prender quando se metesse na água do mar.

Fui seu companheiro nas pescarias nocturnas, para lhe fazer companhia. Eu que tinha medo do escuro e que, no regresso, o onerava com o meu peso ás cavalitas porque tinha os pés chatos e doíam-me da caminhada de quilómetros na areia leve das arribas.

Por fim cegou e foi a primeira morte da minha vida. O estranho ritual da despedida fúnebre, da maior e mais importante referência do meu ser. Relembro sempre as suas palavras:

COM ESTE TEMPO NÃO ANDES  DESCARAPUÇADO RAPAZ!

E OS NOMEADOS SÃO

Azoriana Azoriana / Açoriana

Pincess-mrt Princess (^-^,)

Cigana CIGANA

Juaninha http://juaninha_pires.blogs.sapo.pt

My thoughts http://my_own_space.blogs.sapo.pt

Lala Passiondance

06
Abr08

A VISITA DO FILHO PRÓDIGO

samueldabo

Que bom ver-te, meu menino! E como estás bonito!

Há quanto tempo não te via, os olhos brilhantes e o rosto cheio de carne sadia. O falar fluente, a alegria, o abraço forte, o beijo.

Fico a olhar os teus gestos decididos a desfazer a mala. A arrumar tudo meticulosamente.

Há vinte anos que te não via e só guardava a tua imagem de menino. Lindo, de olhos grandes, castanho escuro, os caracóis em revolta na cabeça de sonhos. E o sorriso.

Voltaste a sorrir, como quando jogávamos à bola na mata em frente, e te fazia perder para ouvir os teus protestos, porque só querias ganhar.

Que bom ver-te meu amor. Sentir que não te levaram de todo. Que ainda resistes e estás mais determinado do que nunca a vencer.

Bem podias  ter vindo mais cedo. A minha mão esteve sempre estendida do lado de fora do mundo em que caíste.  Em frente de ti. E sempre que te via, acenava-te. Gritava o teu nome. Filhoooo !!!...

As novidades? Estamos bem, como vês. Chegou uma menina encantadora que cresce plena de felicidade. A neta, tua sobrinha. O pai está desempregado A mãe, continua batalhadora. Estamos bem, como vês.

Que bom ver-te com a esperança embandeirada. O hino de confiança. A paz que regressou ao teu coração desfeito em rotura com o mundo.

Que bom ver-te, fruto de um grande amor , quando já desesperava de te ver.

Bem vindo a casa e fica, se vieste para ficar. 

 

28
Mar08

A TOXICODEPENDÊNCIA NÂO È UMA FATALIDADE

samueldabo

A matemática, esse quebra cabeças dos Portugueses em geral, não é uma ciência mítica só ao alcance de alguns iluminados, mas porque é manipulada  ao sabor de interesses que ainda persistem e consideram que  "em terra de cegos quem tem olho é rei", continuamos a navegar em teorias de combate ao insucesso , condenadas a manter os níveis aceitáveis de cegueira colectiva.

Actualmente a proliferação do consumo de drogas por amplas camadas de juventude de todo o mundo, tornou-se num flagelo que nenhum governo tem conseguido estancar.

Desde sempre houve consumo de drogas, que não eram proibidas, nem atingiam os preços a que são vendidas nas ruas. Em consequência, quem sofria de stress por drogas comprava-as onde era possível ou optava pelo vinho. Era uma minoria, contestatária, talvez ,das regras de convivência que se iam alterando.

Eu penso que a partir da eclosão do Maio de 68, se espalha a ideia reivindicativa de que vale tudo. É proibido proibir tudo. Amor livre. Abaixo os poderes instituídos . A inalação de drogas pelo fumo avança em todas as direcções. As democracias tentam resistir, mas rapidamente os senhores da finança vêm ali um filão inesgotável, e são eles que financiam o estado e que o controlam. É para eles que as leis são manipuláveis, no esgrimir de interpretações por magistrados e advogados que as leis permitem.

Aqui, o consumo de drogas disparou com o advento da Democracia, não por culpa da Democracia, antes por uma coincidência de tempo, porque estamos sempre atrasados na ventura e na desgraça.

O consumo e o tráfico são proibidos e condenados com pena de prisão.

Milhares de famílias são assoladas por esta praga, Adolescente instigados ao consumo sobre os mais variados pretextos de afirmação pessoal, de desinibição. de ser mais forte. Jovens, meninas, lindas que foram, agora enrugadas, prostituídas, devassadas.

Os carteis de tráfico organizam-se. No interior   das prisões superlotadas continuam a traficar e a consumir. Nas ruas os chamados pequenos delitos. A saga da moedinha para o arrumador que surge, do nada quando já tínhamos quase arrumado o carro.

Roubam os pais, a família, os amigos. Vendem tudo o que tem comprador e há quem compre É um negócio de lucros fabulosos, onde se vende tudo até a dignidade.

O estado, nós todos, financiamos as medidas ditas profiláticas que o estado implementa de apoio financeiro às clínicas de reinserção. Aos tratamentos em ambulatório.com resultados deficitários de recuperação efectiva e duradora.

As policias investem na formação especializada no combate ao tráfico. Os criminosos detidos em resultado das investigações são postos em liberdade. Presos são os consumidores, por consumirem e por roubarem. A droga e dinheiro apreendido nas operações , desaparece

Os verdadeiros agiotas do tráfico continuam impunes. Participam, até, na discussão. Influenciam politicas. Corrompem influências. E seguem a matança intelectual e fisica do que melhor tem um povo, uma nação.

Surgiu o HIV, as hepatites B eC proliferam.

As famílias a lutar contra a insolvência absoluta. Sem ajudas de ninguém. Condenadas, até, por não terem sido capazes de evitar a desgraça.

Alguns países adoptam medidas para liberalizar. o consumo, que passa a ser disponível em farmácias e locais apropriados criados para o efeito. As noticias sobre a eficácia, .

  aumentou-reduziu.estagnou , não são distribuídas na mesma dimensão.

Por cá, e não só, os arautos tentam explicar-nos em equações algébricas e outras engenharias matemáticas, que a liberalização não é possível . Iria criar mais dependências, facilitar a transacção entre estados!?...

E nós a percebermos que dois e dois são quatro em qualquer circunstância e que somados sucessivamente, chegamos aos milhões da ganância , que matam e morrem pela ganância de viverem na abastança erguida sobre o sofrimento, a dor e a desdita de quem vê um adolescente primoroso ser arrastado impunemente nas águas sórdidas da mentira.

10
Mar08

MEMÓRIAS DA GUERRA ( I ) - O PRISIONEIRO

samueldabo

O tronco nu, musculado, cabeça levantada, deambulando no exíguo espaço cercado de ripas de madeira em jeito de fortaleza, a corda grossa amarrada ao tornozelo, as mãos unidas  por atilhos impossíveis de desfiar.  O sol abrasador e nem uma sombra. O prisioneiro. Os soldados passam e dizem:

- Turra! Filho da puta !

Arranham a garganta à cata de saliva que atiram ao prisioneiro, indefeso, sem direitos. Os olhos escuros e brilhantes, assustados mas altivos. O mistério oculto nos olhos sem expressão.

Manuel António olha o homem e antevê que ele tenha uma família , um ideal pelo qual lutou, luta ainda, e recorda os gritos de dor dos supliciados pela tortura da policia secreta. O cuspo dos soldados, sendo uma humilhação, não causa dor física , nem as palavras ofensivas da honra.

Atira-lhe um gesto solidário que o outro não compreende e desvia os olhos.

Manuel António  recorda, por um momento, os sonhos pesadelos de infância, em que ele era o salvador dos aflitos, dos injustiçados e chora a sua impotência na realidade da guerra.

 

 

registed by: Samuel Dabó

10
Mar08

A LUZ AO FUNDO DO SONHO

samueldabo

Acordar dentro do sonho, expectante, e achar a resposta, lacónica, mas resposta às minhas inquietações.

Imaginar o teu corpo, espírito , frágil ,na procura do infinito, sorvendo as situações que habitam a tua vida, imagens descoloridas de um ser a sufocar de riqueza acumulada prestes a explodir em miríades de pétalas viçosas  e eivadas de luz.

E penso na fragilidade de que somos expoentes, as mais das vezes encobertas sob capas de dureza mística , e que dão de nós a lembrança fugaz de tiranos remetidos ao silêncio, sem voz nem ouvintes.

A força que emana das tuas palavras que sorvo na avidez de te amar em cada momento. Afago o teu sorriso, a lucidez dos factores que te motivam, os olhos grandes e brilhantes , ciosos da descoberta do que vais encontrando pelo caminho

Ver luzes, mas não a luz. Porque a luz que procuramos é de uma intensidade que nem o sonho desvenda. Simplesmente não sabemos. E, no entanto, ela está lá. Num recôndito de nós, à espreita, ardilosa, num jogo de foge esconde que ainda não dominamos, ou porque focamos a nossa atenção em pormenores mesquinhos, ali colocados, em cada instante, para nos desviar, ou somos iludidos pelo turbilhão de hipóteses que nos massacram e agitam e imprimem demasiada pressa, inimiga da lentidão dos achados.

Sei tudo de ti. És grande. Esplendorosa de criatividade. Geradora de múltiplas facetas da felicidade humana.

Sinto a tua força e o poder de sedução dos sentidos que  me envolve e exalta como a espuma branca trazida pelas ondas do mar revolto e se espalham com o vento de encontro ao meu corpo, aqui postado como por acaso.

 

 

registed by: Samuel Dabó

 

 

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