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SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

19
Mar10

DE MANHÃ...

samueldabo

 

 

 

de manhã quando levanto

olho o espelho e vejo um rosto

o sono que nele se vai quebrando

ou no desassossego ainda em mosto

 ***

os olhos encolhidos a boca num esgar

a pele ressequida de suor

talvez um pesadelo o meu sonhar

e este gosto amargo na boca sem pudor

 ***

de manhã quando levanto

e me lobrigo entre pestanas entaramelado

balbucio o teu nome num quebranto

aspiro o teu cheiro agre adocicado

***

sinto ainda do teu corpo o quente

e sobe-me o aroma do teu odor

sou eu ou outro este que vejo e te sente

no acordar de cada sonho o teu calor


de manhã quando levanto

abro os olhos para te ver dentro de mim

sorrio ante a beleza do teu encanto

e sinto que és a mais bela flor deste jardim

***

mexo os lábios e digo bom dia

passo a mão sobre a pele os pelos duros

esboço um sorriso de harmonia

dou um grito a chamar os de mim mais puros

***

de manhã quando levanto

trago na alma o sabor e o perfume

da mulher de cujo amor sempre me espanto

tão duradouro aceso este meu lume

***

autor:JRG

22
Abr09

MEMÓRIAS DO TEMPO DE GUERRA - A RECTAGUARDA

samueldabo

 

 

 

 

 

 

Alexandra...o cabelo negro, forte e curto, os olhos grandes, verdes avelãs, cara oval, lábios carnudos, expressivos de sensualidade, o corpo em harmonia com a alma pura de menina apaixonada. As maminhas redondas, nem grandes nem pequenas, suficientes, botões de rosas perfumadas, como ele dizia. Sorria, os dentes alvos, certinhos, caprichosos nos arrufos, dentadinhas nas orelhas, no sexo dele quando nas noites de namoro na escuridão da rua, sentados no patamar da porta, se deleitavam de amor, excitantes de paixão de amor.

Manuel António era para ela toda a realidade de um sonho belo que a acompanhava desde a puberdade, de quando os sonhos tinham um toque de fadas míticas. Amava-o de uma forma estranha, como não amara ninguém, de dentro, de um de dentro de si que desconhecia até ele surgir na sua vida, como se fora impossível ter sido de outra forma.

É verdade que, por mais de uma vez, ardendo de um desejo voraz que ele provocava quando a acariciava nos mamilos, a vulva, os beijos aglutinadores de posse, de entrega do todo, do desconhecido adivinhado, sugerido pelas emoções que atravessavam, exaltantes, o seu sentir de mulher.

Era virgem porque era comum na época casar virgem, ser de um homem só, e ela acreditava na monogamia. Via-se de vestido branco, a grinalda sobre a cabeça, o ramo de laranjeira, a noite de núpcias com o sangue derramado sobre os lençóis.

Agora pensava que bem podia ter satisfeito os desejos de ambos, que se achava convencida pelos argumentos dele, que uma nova era estava prestes a irromper das mentalidades adormecidas por séculos de ostracismo da verdadeira dimensão do ser mulher. Sim, sentia que se operavam mudanças. Agitação em França, igualdade, fraternidade, amor livre, a libertação da mulher do jugo do homem e do lar.  A atenção que lhe davam os amigos de Manuel António, como uma igual, as amigas que ele lhe apresentara, desinibidas, libertas de  preconceitos religiosos ou de família. Por outro lado, tinha medo de engravidar, ter um filho do seu amor e ele longe, na guerra que ambos detestavam, mas que ela tinha esperança de o ter de volta. A esperança não é uma certeza, tudo pode acontecer, sabia que ambos sofriam, mas  decidiram que seria quando ele voltasse.

_Senhor Joaquim!...

Era o carteiro, um sorriso malandro, os olhos inquietos na procura do interior da mala postal.

Recebia quase sempre muitas cartas e volumosas. Manuel António escrevia todos os dias e às vezes mais de uma vez no mesmo dia. Contava pormenores da vida dos locais, falava da natureza, dos rios ou paisagens que se pareciam com as da terra, os animais e os sons misteriosos, da magia dos olhos negros das crianças, dos aromas, que a queria lá nas férias, estava a estudar uma possibilidade, uma semana que fosse.

Alexandra até gostava de estar com ele. Sentia que se tal acontecesse não resistiria aos apelos insistentes do corpo, o cheiro a mar do corpo de Manuel António, como o amava e como se sentia amada!... Mas  África não a seduzia, tinha medo, era um sentimento de abstracção absoluto. Tinha uma paranóia por Asiáticos e África.

Estávamos em Fevereiro, a noite escura, quente e soprava uma brisa forte dos lados de África, curioso, de onde soprava a brisa.

De repente, um rumor misterioso, como se falas pavorosas advindas do interior da terra se fizessem ouvir, rompendo silêncios ancestrais, as paredes da casa estremeceram, o candeeiro de petróleo sobre a mesa da sala oscilou, breves segundos, os gatos numa correria inquietante, o latir do cães, e vozes de pessoas assustadas que gritavam salmos e ave Marias. Clamavam a Deus por misericórdia. Alexandra e a família saíram para a rua. Estava apavorada e pensou que o terramoto seria pacífico. As casas tinham aguentado, talvez devido ao terreno ser de aluvião. Fazia calor e era madrugada...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

...

04
Jan09

SEDUÇÃO PRÉ-NUPCIAL

samueldabo

"Na cama que fizeres te deitarás", era  assim, a mãe autoritária, céptica, a dizer como um ferrete, uma maldição, um aviso que percorria o corpo, a mente e inibia na hora de sentir, de desejar,o deleite das aventuras sexuais antes do casamento, se queria ir de branco, o ramo de laranjeira,as grinaldas, o festim da igreja engalanada e a marcha nupcial. E sobretudo, não ser falada pelo outros, andar nas bocas do povo.

Eram colegas no escritório e ela ia casar daí a dias. Uma mulher na casa dos 28, já no limite da idade casadoira, limite a partir do qual uma mulher poderia ficar solteirona. Morena, estatura média,um rosto assimétrico,de onde sobressaiam uns olhos grandes, luminosos, denotando ansiedade, malicia sedutora e os dentes que não se usava corrigir, salientes sob os lábios carnudos, viçosos e virgens de beijos fogosos, à cinema, porque o namorado era púdico, de educação seráfica e achava que a posse total seria só dpois de oficializado o acto público da consagração.

Ele, o colega de anos de convivio, de trocas de piropos gentis, 18 anos, um jovem saído da puberdade, um imberbe que não atingira ainda a idade da razão, da emancipação oficial, uns olhos lindos, castanhos, leais, quase diria inocentes,um corpo a cheirar a homem, os lábios virgens de beijos, desimpedido de namoros, que não namorara até então, que se sentia preterido pelas raparigas em detrimento de outros mais afoitos, ou mais experimentados.

Há muito que se sentiam cumplices de toques provocados no decorrer do serviço em que se entrosavam as caracteristicas de cada um. Ela dactilógrafa, ele arquivista. Ela em pé debruçada sobre ele, por detrás dele, sentado, as mamas roçando os ombros dele, duras,estremecentes de sentires estranhos, fogosos, a levantar sonhos de noites atormentadas pelo desejo. Ele tenso, a absorver todo o fogo bom, inebriente que sentia, do corpo dela que não sendo o seu tipo de mulher inventado na solidão em que se questionava de ser possivel amar, um amor sublime de paixão, uma mulher inteligente, bela, linda que fizesse brilhar a tristeza em que se  sentia mergulhado.

Ela, sentindo que ele tremia, que soltava energias, que não se manifestava, confiante na sua discrição, aventurando-e, esfregando-se, movia-se em volta, dava indicações,a saia rodada vermelho de fundo sob flores coloridas, o sexo dela sobre o braço em posição de cunha, e ele a sentir como que um vale, uma depressão que não conhecia,uma sensação absolutamente nova que não experimentaria de sua iniciativa por vergonha, timididez congénita. Finda a explicação, teria ela tido um orgasmo? ele sentia-se húmido, o sexo que ele conhecia bem de se masturbar no silêncio das casas de banho,demasiado grande para que não se notasse, saliente sob as calças, dorido, escondido. Ela dava uma volta sobre si mesma , repentina e iá-se, corada, os olhos mais brilhantes ainda, a voz trémula que dizia,.

_Pronto, meu lindo, se tiveres dúvidas,pergunta-me...

Ele seguia-a com os olhos doces, a aspirar e a reter o cheiro bom que vinha dela, um cheiro extasiante, de onde? dela, mas de que parte dela?...Intenso...

E lembrava-se dos cheiros parecidos, todos diferentes, mas parecidos, quando subia os degraus do eléctrico, ele atrás, a  mulher de saias curtas, jovem, abrindo as pernas para subir, não de todas as mulheres, mas de uma ou outra, num momento...O cheiro a sexo.

E era esse cheiro intenso, quente, adocicado, apelativo de desejos de se consubstanciar nela mulher, ou só no sexo, como uma entidade autónoma do corpo, apenas o sexo e os seus odores.

Ele aproveitara o espaço grande da hora do almoço para se isolar na casa da repografia, onde só ele era costume entrar,  prmanecer, embora as colegas o visitassem quando tinham uma urgência de reprodução de cópias a stencil, ou por um trabalho que demorava.Era uma hora boa para se masturbar, a porta fechada por dentro ,porque era um dia em que quase se sentia enlouquecer, parecia quetodas as colegas mais novas tinham uma luz estranha nos olhos e o  olhavam gulosas, falando alto no silêncio do olhar, as saias rodadas que expandiam odores, os odores fatidicos que o exaltavam, que se perdiam no seu interior labirintico.

E ela veio,os olhos muito salientes, de fora das órbitras,os dentes brancos saídos dos lábios num sorriso de malicia, o vestido de tons verdes, flores brancas e amarelas sobre o verde mar, as mamas empinadas, sob o espartilho do sutiã. Entrou, fechou a porta e colocou-se na frente dele, a oferecer-se e ele quieto perante o absurdo da situação, absurdo para si  que se julgava preterido, que não sentia amor, afeição, que não a tinha como o seu perfil de mulher.

_Quero que me beijes. Nunca beijaste uma mulher?

Ele sem saber o que fazer. Sim era verdade, não beijara ainda uns lábios de mulher, nunca tivera alguém nos seus braços, apenas  o roçagar dos copos em momentos de acaso.

Ela abraçou-o e beijou-o nos lábios. Ele sentio um calafrio, uma ânsia de a ter total, sem saber como,a esfregar-se no corpo dela, as mamas duras no seu peito, os lábios nos lábos e ela a dizer-lhe que abrisse a boca ,que a deixasse chupar-lhe a lingua, que ele chupasse a dela, que se deixasse envolver nos movimentos de dentro da boca, como ela fazia, como ela se expandia nele e deixou-se cair no soalho de tábuas compridas, fogosa, delirante e ele a mexer-lhe no corpo,a atrever-se, as mamas dolorosamente duras , a querer tocar-lhe na carne, os mamilos e ela parou, que não, nada de carne, só os beijos, podia mexer-lhe por fora, do lado de cima da roupa e ele a navegar o corpo dela, as coxas. Os beijos exaltantes, O corpo dele sobre o corpo dela, o seu sexo , perdida a vergonha, sobre o sexo dela, retido entre a roupa, as cuecas babadas ,pegajosas,do lado de fora dela, por sobre o vestido, apenas a forma adivinhada, o contacto dos sexos adivinhados, sentidos, o aroma de dentro dela a envolvê-lo total , as mãos nas coxas, a tentar descer ao sexo dela, sentir o sexo dela, um sexo pela primeira vez, na ponta dos dedos, talvez masturbar-se nela, entrar num sexo , desvirginar-se...sentiu o sexo dela ,sob o vestido e as cuecas, um vale de deslumbrante prazer, por segundos....

E foi quando ela súbitamente se colocou de pé, um olhar reprovador, a dizer-lhe que estava noiva, que ia casar, que não a tomasse por leviana, que não contasse nada a ninguém, a chorar,mas que o namorado nunca a beijara como ela gostava, como eles se tinham beijado naquele instante, que se atrevera porque confiara nele, porque também sentia nele o desejo, mas era apenas um beijo total, inteiro o que queria dele. Era virgem e ia casar virgem dentro de dias.

E ele, surpreendido de todo, a prometer-lhe o seu silêncio, a acariciar-lhe os cabelos negros, curtos, arredondados sobre os ombros.

A olhar a saia que se movimentava movida pela aragem da passada, os passos dela em volta do seu olhar pasmado, ainda a interiorizar-se, se fora sonho ou realidade.

 

30
Out08

NASCEU O PEDRO - UM MENINO

samueldabo

ser mãe, ser pai, ser avô

 

ser menino a novidade

 

ás oito e dezessete berrou

 

ao entrar na gravidade

 

e de olhos bem abertos ilustrou

 

que não vinha por vontade

 

de quem nunca a vida amou

 

mas com toda a humildade

 

de quem agora começou

 

representa a humanidade

 

e tudo o que o lançou

 

e quer chegar à idade

 

da razão que o chamou

07
Out08

OUTUBRO ROSA - O CANCRO DA MAMA E O SUBLIME DE SER MULHER

samueldabo
 

Há  doenças que nos afectam, que nos deprimem, causam dor e morte de gente que faz falta, a quem sente a falta, de quem sente a falta. Destaco hoje, agora, o cancro da mama, porque nem sempre mata fisicamente, mas destrói imagens coloridas, arruína projectos, desfaz amores que pareciam consolidados, reduz um ser de mulher a uma farripa de nada que ainda é ser, ostracizada, rejeitada como imprestável. 

Os seios são, do corpo feminino, o órgão mais cobiçado e o mais maltratado, pelo parceiro masculino nos jogos ditos de amor.

Alguns  homens gostam de peitos fartos, duros, outros gostam de seios mais equilibrados, mas querem seios pertinentes, para saciarem os ditos prazeres ou angústias,  a falta ou o excesso , no primeiro contacto com o peito materno. Frustrações...

Na relação sexual, servem-se dos seios selvaticamente, apertam, sugam, ferem. E pretendem que estejam sempre duros, proeminentes, à disposição da sua gula libidinosa.

As mulheres fazem o que podem para os manter altivos. Sabem que é um ponto importante de dar e receber prazer. Têm filhos. Têm dores. Mas insistem em tudo fazer para agradar e ser agradadas. Em geral, as mulheres têm um orgulho desmedido nos seus seios. Até usam uma peça especifica para os manter suficientemente elevados, como faróis sedutores que ostentam e prometem os restantes atributos não visíveis . Vão a massagens, enchem-nos ou reduzem-nos, por processos cirúrgicos,  numa corrida vertiginosa, não já para serem diferentes, mas para serem mais iguais.

E de repente, por má formação congénita, por tanto terem sido maltratados nos momentos de paixão, por força dos laços genéticos, de per si ou no todo, eis que o impensável  acontece. O bicho temível , corrosivo,  que só  sabíamos nos outros, que não foi detectado a tempo , ou que foi, mas era do tipo expansivo, intratável, toma conta, sem apelo, do seio da mulher.

A mulher que se vê obrigada a suprimir um dos seios ou os dois, sofre um rude golpe a todos os níveis sensoriais do seu ser e ainda constata , muitas vezes, que não passava de um objecto de prazer para o seu par. Quantas vezes abandonada quando mais precisava.

A perda deste símbolo da sua feminilidade e maternidade, causa distúrbios insanáveis que devem obter de nós o melhor da nossa humanidade. E muitas vezes são abruptamente excluídas e sofrem em silêncio, acarinhadas por uma palavra amiga ou a sós, no silêncio de todos os silêncios sem resposta.

Apelo ao homem, ao mais profundo da sua humanidade, para que se interiorizem desse sofrimento e não abandonem o projecto de amor.. Antes o consolidem por mais esta razão.Porque a vida sem alma não tem nem faz sentido.

Apelo a que estejam na segunda linha, na insistência para que os seus amores façam os diagnósticos precoces que podem evitar o deflagrar da doença com os danos irreparáveis conhecidos, porque na primeira linha devem estar as próprias mulheres. É delas que se trata

O amor, a amizade, a ternura, devem prevalecer sobre a ablação. Sorrir , confiar na grandeza da sua condição de mulher geradora da vida. Confiar nos designios da alma e encetar novos caminhos, que serão sempre de índole superior.

Que sei eu disto? Deste drama?

Quíz apenas interromper silêncios. Dizer que estamos aqui e não te excluímos. E embora talvez tarde, agarra a nossa mão e sorri.

Associo-me a esta campanha Universal  da FEMAMA: "OUTUBRO ROSA" colhido no blog da minha amiga Astrid Annabelle, a quem saúdo pela sua humanidade e edito o seu post alusivo ao tema no Brasil e no Mundo. Blog Navegante do Infinito em                            http://astrid-annabelle.blogspot.com

As minhas saudações Astrid e a todas as mulheres...

 

 

 

Outubro Rosa

 

 
O Outubro Rosa nasceu há dez anos nas Cidades de Yuba e Lodi, na Califórnia (EUA). Desde então, vários outros lugares do mundo vêm aderindo ao movimento, que tem como objetivo conscientizar as mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, enfermidade que vai afetar a vida de mais de 49 mil brasileiras até o final deste ano.

Não é difícil curar o câncer de mama se ele for diagnosticado em fase inicial, quando o tumor é ainda pequeno para ser detectado ao ser palpado. “Nesses casos, as chances de cura chegam a 95%”, diz Fernando Alves Moreira, presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia.

Na maior parte do País, infelizmente, a doença é descoberta já em estado adiantado, quando as chances de cura são bem menores. Essa é a razão pela qual o câncer de mama é o tipo que mais mata mulheres no Brasil. “A mamografia é o principal instrumento para diminuir a mortalidade por câncer de mama”, afirma Alves Moreira.

No resto do mundo não é diferente. Por isso, diversos países já se engajaram no Outubro Rosa, como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, França, Grécia, Itália, Israel e Austrália.

Durante um mês, várias ações de conscientização voltadas ao grande público lembram as mulheres da luta global contra o câncer de mama. Palestras, eventos, estandes instalados em locais de grande circulação, distribuição de material informativo, são algumas delas.

Outubro Rosa no Brasil

Lançado em 1° de outubro no Museu de Arte Moderna, em São Paulo, com a presença da jornalista Glória Maria, embaixatriz da Femama, e Maira Caleffi, sua presidente, o Outubro Rosa conta com ações em seis capitais do País.

Pela primeira vez, iniciativas semelhantes às realizadas no resto do mundo acontecerão em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Curitiba e Brasília.

Em outubro, eventos organizados pela Femama vão alertar sobre a importância da mamografia anual para o diagnóstico precoce, a todas as mulheres com mais de 40 anos.

“É fundamental que toda mulher tenha acesso à mamografia anual após os 40 anos, só assim haverá um impacto real nas estatísitcas de mortalidade da doença”, afirma Ivo Carelli, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional São Paulo.

O mundo fica cor-de-rosa

O Outubro Rosa vem transformando os mais conhecidos pontos turísticos do mundo. Em Paris, a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo tingem a cidade-luz com um toque feminino durante as noites de outubro.

Em Milão, o Teatro Scala, uma das mais famosas casas de ópera do mundo, tem a sua construção iluminada com a cor-símbolo da luta contra o câncer de mama.

O mesmo acontece com o Empire State Building e o Rockefeller Center, em Nova York, dois dos mais famosos edifícios na Big Apple. Em Londres, a tradicional loja de departamentos Harrods também enfeita a sua fachada na Brompton Road.
http://www.mulherconsciente.com.br/

 

 Este texto foi copiado do blog:  http://astrid-annabelle.blogspot.com


 

14
Set08

INTERVALO - HOSPITALAR- O Regresso

samueldabo

Os Astros devem andar loucos!...

Uma crise súbita de vesícula espetou-me novamente na cama do hospital. Desta vez, as dores eram tão fortes que não deu para reparar na beleza das enfermeiras.

Abriram-me, tiraram-me pedra que dava para construir uma casa.

Voltei a sentir a alma que se evadia. Os rostos de amigos e amigas que me velavam no sonho das almas.

Do lado de lá de mim, nada. É como se não tivesse vivido não sei quanta parte do tempo da longa noite. Houve dança, sorrisos e gargalhadas entre as almas, a minha e as que em sonhos me visitaram. Promessas de amor eterno, de amigos, claro e ficou-me a sensação de ter viajado num circuito cósmico de efeitos maravilhosos sobre o meu acordar. A sensação de ter atingido o âmago do conhecimento, a essência da vida. O não ser que é, sendo.

E ao despertar, voltei a ver os rostos que se riam da minha ingenuidade em acreditar que tinha viajado no tempo. Que não se passaram horas, mas anos.

Olhei as mãos que se mexiam em apertos de vácuo. Mexi-me e senti que estava inteiro.

Estou em casa, desde manhã e dormi tanto que me falta o sono, daí, retomar o diálogo com o mundo que vós sois de mim e agradecer as mensagens  de preocupação pela ausência , que alguns amigos e amigas me endereçaram. Senti o vosso carinho, os vossos sentimentos de mim e nem sabemos quem somos cada um de nós.

Irei visitá-los um a um, para vislumbrar as coisas belas que postaram nos vossos espaços pessoais.

Obrigado.

15
Ago08

ANDANÇAS PÚBERES

samueldabo

_Perdeste o ano pela segunda vez consecutiva e vais trabalhar. Não temos condições para andares a brincar na escola.

Pedro, os olhos no chão de cimento, soltando lágrimas de raiva por não ter sido capaz. Olhos grandes, escuros entre pestanas largas.  Mas pronto, iria trabalhar, no que houvesse, logo se veria, o sonho adiado. Ser defensor dos fracos, de todos os pobres que via de olhos no chão, como ele agora, no momento em que a mãe lhe apontava a incúria de mais um ano perdido em namoricos e visitas expectantes ao Castelo de onde olhava a cidade imensa do outro lado do mundo que conhecia, e sonhava a ponto de quase adormecer .

A escola grande sempre o intimidara. As calças de ganga remendadas, as camisas ou camisolas eram diferentes das dos outros rapazes, mais feias, sem brilho, as botas doíam-lhe os pés,  tinha joanetes e pé chato, o desconforto  de não ter um lanche, sendo o almoço fraco, confeccionado de véspera,  comido nas ameias do Castelo. De história até gostava. O problema foram as faltas, os namoricos.

Arranjou trabalho com o Matias que tinha um negócio de fazer blocos de cimento para a construção de casas. Agora sim, iria criar músculo, crescer. Ser homem.

Pedro era um rapaz frágil de constituição baixa e escasso de carnes. O cabelo negro sobre a testa, desfeita a  onda com a secagem da água com que molhava o cabelo para acomodar os remoinhos que teimavam em permanecer, espigando os pelos  que sobressaíam do restante acomodado pela água.

A cara borbulhosa do acne e uns pelos faseados que faziam o seu orgulho de parecer homem grande, homem feito.

Namorava a sobrinha da dona da mercearia que lhe arranjava o tabaco. Era uma namorada tímida como ele, que corava quando a tentava beijar nas faces, ou lhe dava a mão em plena rua. Chamava-se Sofia e tinha uma boca acentuada pelos dentes sobrepostos.

O primeiro dia passou na aprendizagem do manuseio das ferramentas de molde.

Os homens que o conheciam diziam entre gargalhadas que o Matias era maricas.

_Olha que o gajo tem o cu cheio de merda seca! E riam-se...

Pedro, olhos no chão ouvia e precavia-se, para dentro de si. Que com ele não contasse. Ouvia os rapazes falarem de ir aos paneleiros, através das dunas mais distantes, nos côncavos  de areia que o vento cavava. Mas nunca fora. Tinha nojo.

O Matias  contratara o rapaz de olhos postos na braguilha onde lhe adivinhava um membro farto e sedutor. Os olhos brilhavam-lhe de satisfação. Logo pela manhã já estava bêbado.

Pedro virava a areia com a pá, maior que ele, tantas de areia tantas de cimento, um pouco de água, aprender a que era suficiente, para a massa ficar no ponto nem muito grossa nem muito fina, no ponto. Colocar massa nas calhas das formas, bater com a ferramenta indicada, raspar os excessos, tirar os ferros que formavam os buracos e abrir o molde de ferro. Era como fazer bolos com o balde na areia da praia. Não ele, que nunca tivera baldes, só latas velhas que achava nas ruas de areia do bairro onde vivera em criança.

Ao terceiro dia, o Matias fez um intervalo e foi até à barraca onde guardava as ferramentas e chamou Pedro para que o ajudasse.

Pedro olhou de frente,pela primeira vez olhava alguém de frente, olhos nos olhos, o Matias a babar-se, os olhos esbugalhados pelo vicio, pelos vícios, a baixar as calças, a tocar-lhe no sexo que andava sempre firme dos pensamentos que tinha, das calças apertadas que o comprimiam de encontro ás pernas. Pedro disse que não. E o Matias insistente, que lhe pagava mais cinco escudos por cada vez. Pedro a fazer contas. O Matias pagava-lhe dez escudos por um dia esforçado  de trabalho e cinco pelo vício de sexo!...Insistiu que não,que ele, Matias não se lavava.

O outro, possesso de desejo, implorava-lhe que o deixasse então chupar-lhe o membro hirto que se avolumava sob as calças, aumentando o desejo do velho que se babava e mexia no sexo de Pedro, com as mãos calejadas, grossas, poderosas.

Vencido, Pedro acedeu, tirou o sexo pela braguilha das calças. Matias ficou louco e sôfrego enfiou-o pela boca em chupadas loucas de desejo e lascívia. Foram momentos breves.

Pedro enojou-se e a pila murchou, secou a febre. Matias deu-lhe os cinco escudos e mandou-o regressar ao trabalho.

Pedro fez o resto do dia em ânsias para chegar a casa, lavar-se. Sentia um nojo pela figura asquerosa do velho. Uma pressão intensa na cabeça como não tinha sentido antes.

Meteu na sua cabeça que nunca mais. Se ele tentasse, se forçasse vinha embora, ou dava-lhe com a pá na cabeça.

_Pedro!...

Era o pai que o chamava. Regressava do trabalho a pé e passara por perto.

_Estás vermelho, aconteceu alguma coisa?

_ Não pai,apenas que cresci bastante, hoje. E gostava de arranjar um trabalho melhor.

 Pedro, onze anos, a muscular-se fazendo blocos para a construção de casas.

18
Jul08

É A HORA DE LIBERTARES AS PALAVRAS!

samueldabo

 

                               Para ti

É a hora de libertares as palavras

meu amor

que de angústia se tornem

 alegres viçosas

que te afirmem como a vontade

de ser diferente

e de saberes que és um sonho

que queres realizar

ainda que contra toda a gente

porque é tempo de libertares as palavras

meu amor

há tanto contidas sofridas amargas

que te desesperam

nos silêncios da razão

que te impedem de andar e de viver

a vida feliz que procuraste

e de ser livre como as aves

que batem as asas

da tua imaginação

Chegou o momento de libertares as palavras

meu amor

de reconstruíres os cacos

que se partiram de ti e jazem intactos

de criares novos alicerces

mais sólidos

de amares o amor eterno

ainda em ti latente e perene

dos sonhos que povoam

a tua mente.

 

 

03
Jul08

MAMÃ PORQUE SOU PRETA SE TU ÉS BRANCA?

samueldabo

O pai de origem Indiana, estatura média, magro, o cabelo ondulado, negro e os olhos mistério dos longes deixados, escuros, cintilantes e sempre agitados, como se temessem o ar que circunda à volta de si, a pele escura, geneticamente negra.

É especialista em medicina molecular. Estava em Moçambique quando se deu a revolução que o levou a ter de escolher entre ficar e partir. Escolheu partir, por não acreditar nas novas classes dirigentes, por temer as convulsões inerentes à mudança, por um desejo de aventura. A Europa...

E veio e conheceu a mãe, uma mulher linda de cabelos castanhos e pele morena, olhos castanhos escuros, um sorriso encantador, o corpo de formas harmoniosas, afável.

É especialista em medicina familiar e enamorou-se deste homem belo, que conheceu num simpósio sobre: Novos Contributos da Genética Molecular para a Medicina.

Apaixonaram-se, misturaram culturas, casaram e tiveram uma menina exóticamente bela, saída deste amálgama de genes tão distantes, e tão geneticamente próximos.

A menina tinha a pele escura e uns olhos escuros desmedidos no rosto pequeno, mas belos, únicos. Cresceu e foi à escola. Era inteligente. Absorvia tudo o que ouvia, via e escutava, mas tinha um olhar triste. Sentia que não era igual aos outros meninos. Não era preta nem branca, era escura, mas de um escuro indefinido  e via nos olhos pasmados dos outros meninos uma interrogação muda, um olhar estranho sobre o seu corpo, como se fosse um bicho raro, ou tivesse uma doença exposta que a definisse como ser imprópria para brincar as mesmas brincadeiras dos outros meninos e meninas.

Um dia eles, os colegas da escola, riram-se espalhafatosamente quando chegou e chamaram-lhe um nome diferente:

-Monhé!  Preta Monhé!...

Ficou aterrada, petrificada de onde ouvira em tom jocoso, do lado de fora do outro mundo que era o deles. Baixou os olhos lindos e grandes que choravam em silêncio. Foi assim que a encontrou uma professora que passava, que repreendeu os meninos e meninas com uma voz suave, mas firme.

Na aula o tema foi as origens do tom da pele e o respeito pelas diferenças. Os meninos e meninas foram convidados, à saída, a dar um beijinho à menina e a pedirem desculpa pelo seu acto. E a menina acalmou. Acalmou, mas não esqueceu.

à noite, na sua casa, quando os pais e ela se sentaram à mesa para o jantar, a mãe já estranhara o misterioso silêncio dela, sempre tão alegre quando chegava da escola, como se entrasse num reino seguro onde se libertasse dos medos.

-Mamã, porque sou preta se tu és branca?

Os olhos grandes, muito abertos, fixando não a mãe mas o pai, um trejeito nervoso nos lábios carnudos de menina.

Olharam-se todos num silêncio de gritos assustados. Como se tivessem percebido agora, ele  e ela, o pai e a mãe, que falhara algo na comunicação deles com a menina. Mas então e o colégio, um modelo de educação e ensino em que confiaram?

-Minha querida, a cor não importa. O importante é o saber. Sermos diferentes...

-Não!, Disse a menina, não quero ouvir essa explicação. Já a ouvi hoje.  Queria apenas saber se era verdade ou se havia outra explicação. A culpa é dele!

Apontou o pai que assistia à cena com um ar apavorado e carente de amor, do amor daquela filha que amava e que esquecera na luta pelos outros.

-Não quero viver mais com ele!....

E correu para o quarto, chorando, a menina exóticamente bela de olhos grandes, escuros de mistérios de longe.

 

26
Jun08

ESPERMATOZÓIDES -O KILLER VENCEDOR

samueldabo

Nos Seres Humanos bem como em muitas outras espécies existem dois tipos de espermatozóides normais. Um deles portador do cromossomo X (responsável pela formação de um ser do sexo feminino) e o outro portador do cromossomo Y (responsável pela formação de um ser do sexo masculino).

Em algumas espécies, nem todos os espermatozóides estão "programados" para fecundar a célula reprodutora feminina (dependendo da espécie numas o óvulo noutras o oócito II). A cada ejaculação, tomam a frente os espermatozóides "killers", os quais possuem certa capacidade de fagocitose, cuja principal função é destruir tudo o que estiver a frente (ex, outros espermatozóides, macrófagos da fêmea, etc.), e furar a parede da célula reprodutora feminina. Logo atrás, espermatozóides "soldados" são responsáveis pela escolta dos fecundantes propriamente ditos. Por último, os "soldados lentos" entopem os canais de muco (meio no qual os gâmetas se locomovem), dificultando a passagem de outros espermatozóides. Assim, se uma fêmea tiver copulado com dois parceiros, as chances de fecundação por um gâmeta do primeiro é substancialmente maior.

Retirado da Wilkipédia.

 

São milhões os espermatozóides que um homem expele numa ejaculação e que se atropelam, se digladiam, numa luta feroz, fratricida, para chegar ao óvulo feminino. Só um, dois, três, chegam ao seu destino, exaustos da batalha, por vezes feridos, outra doentes.
E cada espermatozoide que fecunda o óvulo feminino, torna-se gente. É um glorioso vencedor.

Gostaria de vos dizer e digo, mulheres e homens em desespero de vós. desesperados de encontrar um rumo próprio, mal amadas, desconfiadas da esperança.

Cada um de nós só pode ser um vencedor. depois que ganhámos a batalha de fertilização.

Partindo do pressuposto que saímos vitoriosos de uma batalha sem precedentes, em que todos morrem menos dois ou três, isso faz de nós seres únicos e dignos vencedores em qualquer parte do mundo.

Desesperados então porquê? Amemo-nos na plenitude de nós.

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