O vestido branco arrastando pelo chão, encobrindo as tuas pernas maravilhosas, sufocando os aromas do teu corpo, a grinalda de flores brancas sobre os teus cabelos negros, os teus olhos verdes, raiados de verdes intermédios, de tom escuro. mágicos , onde aprendi a ler de ti, da alma esfuziante de encantos. A luz dos teus olhos, aprendi que era amor, altivos e submissos, não a mim, de mim, mas a algo que aceitamos como o sendo do nosso ser.
O sorriso de felicidade, as gargalhadas, a ternura com que me beijavas a cada instante, por cada motivo, por mais banal. O pote do arroz que despejaram à nossa passagem triunfal, como se carecêssemos da tradição para nos consubstanciarmos de e em amor eterno.
A cerimónia do sim ante as testemunhas, o ar incrédulo de alguns que não acreditavam na possibilidade de sermos amantes, ou talvez aguardassem um desfecho trágico à sublimidade de nos amarmos para além do racionalmente aceite.
Hoje olhei-te e vi o mesmo brilho. Penso que o vi em todos os anos a sete, e sinto a mesma ansiedade, o bater forte do coração, como se fosse hoje o dia sempre em absoluto.
Só eu vejo a tua pele luzidia, só eu vislumbro o brilho dos teus olhos, só eu capto o encanto do teu sorriso, só eu te sinto airosa, o andar igual , a voz doce e quente que me chamava amor, que me chama amor. Só eu sinto que os anos não passaram, que és a minha eleita, o meu mimo de ternura, na doença e na alegria, nas tempestades agrestes que nos assolaram. Onde outros fraquejaram por tão pouco, nós erigimos uma fortaleza de amor.
És um exemplo de mulher no comando. Trabalhaste, foste e és mãe, avó, amante fulgurosa, a financeira que resolveu as crises, a mãe que desceu ao fundo e esgatanhou a besta. Eu fui o sonho, o sonhador que interpretou a vida como um romance em que os personagens se agitavam nas águas revoltas e lamacentas e se erigiam em ondas de espuma para continuarem a ganhar tempo ao tempo. O tempo decidiria, decidiu?
Olho-te hoje e vejo a mesma menina de há quase quarenta anos. Minha paixão de amor, minha eternidade. Habituei-me aos novos aromas, à rebeldia da tua intransigência, beijo-te nos lábios e chamo-te amor. Há quantos anos és o meu amor?
Hoje vamos ser de novo como dantes, renovaremos o cenário, ou reinventá-lo-emos, haverá música suave ao jantar, talvez velas, flores, trocaremos sorrisos e olhares indiscretos, daremos as mãos, terás momentos de ser mais coquete, talvez tomemos um duche juntos e deixar-nos-emos enredar na teia que vimos construindo, até à eternidade da tua infinitude de mulher.
Amo-te