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PARA QUE A MEMÓRIA NÃO ESQUEÇA!
dei-lhe o nome de Samuel Dabó sem saber
negro um homem como nós
de baixa estatura mas enérgico
deram-lhe divisas de sargento como prémio a condizer
que não valiam nada assim tão sós
e deram-lhe um grupo de milícias multi étnico
que ele comandava com orgulho de valer
tinha mulheres e filhos ainda novo
pai mãe amigos talvez que o amassem
e tinha o brio de ser o chefe
do lado oposto da guerra do seu povo
dos que a ele comandavam se ousassem
ser a linha mais à frente da carniça o magarefe
que a herói aqui promovo
naquele dia de silêncios tão funesto
havia uma coluna de robustas viaturas
também conhecida por de reabastecimento
não era só de comida mas diverso o seu apresto
na frente dos carros uma linha que picava as estruturas
eram pretos da milícia com seu chefe de sargento
atentos à terra balofa nós outros fazíamos o resto
do outro extremo da via ainda madrugada
uma coluna pedestre pé ante pé a pica em riste
coração angustiado sobre a terra vermelha e seca
à espera dum estrondo de mina ou duma emboscada
iam deixando uns quantos na floresta que resiste
pormenores da segurança que acarreta
nervos de aço sangue frio arma aperrada
por fim deu-se o encontro na hora programada
antes que os mosquitos chupassem toda a água
que os corpos acalorados iam vertendo
trocaram-se saudações a picagem deu em nada
esquecido já o esforço e da distância a mágoa
no silêncio da floresta aves e macacos inquietos tecendo
sobre algo de estranho que os apavorava
os soldados montaram os carros sobre a carga
que dada a ordem de marcha se puseram em movimento
acenderam cigarros trocaram mimos e dichotes
de súbito tremenda explosão homens pelo ar na estrada larga
rastejando se tocando a disparar o medo atento
ainda estonteados disparavam às sortes
entre tiros de espingarda bazuca e morteiro
do outro lado da mata os sons pareciam cozedura
de máquina sobre humana a tecer
sob os gritos lancinantes do motorista rasteiro
as pernas desligadas dos joelhos em rotura
por frágeis tendões sustidas a gemer
"salvem-me quero conhecer o meu filho primeiro!.."
"não me deixem morrer...não me deixem morrer...
quero conhecer o meu filho...sabem...ele já nasceu
foi pedida a evacuação por helicóptero
como dizer-lhe?...não havia disponibilidade tanto sofrer
ou por medo da escuridão do dia que anoiteceu
morreu nos braços de alguém que tentou com esmero
fazê-lo acreditar que iria sobreviver
morreu também o Valente
não sei se por defesa descuidada ou pela prepotência
como tratava os seus homens com desprezo
"fecha o corte da palha..." proferia ao requerente
quando dele reclamavam a consciência
e as palavras que ouviam eram pedras de arremesso
um tiro na nuca puro "acidente..."
o cenário em todas as guerras tudo justifica
são danos chamados de colaterais
podia ser stress ou erro da fragilidade humana
a carne assim desfeita que nos personifica
abandonada aos abutres e chacais
para que medre a glória da gente insana
que são nesta aventura o mais que fica
reunida a tropa em nova "procissão"
era preciso picar de novo a via láctea ressequida
mas não havia quem tomasse a dianteira
nesta desgraça de ser povo e ser nação
os milícias apavorados recusavam a devida
e a tropa agonizava a derradeira
ainda nos tímpanos a retinir a explosão
se nós é que eramos os soldados!!!...
o chefe da milícia saltava como um macaco
de picas em punho...gritava..."milícia vai na frente!"
e empurrava-os para que fossem obrigados
com a força da alma ingénua que não guarda recato
"milícia vai na frente!" corta a alma de quem sente
dá o exemplo faz-se à estrada fica desfeito em bocados
uma nova explosão atroa o ar rarefeito
por certo a milícia já sabia estava vendida
Samuel Dabó o puritano que acalentava a esperança
de sair desta guerra talvez perfeito
ninguém recolheu um pedaço do seu corpo em terra ardida
não conta para a estatística desta andança
para uns traidor para os outros um sujeito
ninguém mais se atrevia a voluntário
os fornilhos são minas comandadas à distância
que as técnicas de picagem não detectavam
os comandantes procuravam um otário
que devolvesse a alma ao medo nesta discrepância
nos rostos acobreados a dúvida espelhavam
sitiados no mistério de que África é santuário
até que um soldado raso de Famalicão
munido da imagem de Fátima em fio de lata pendurado
rompeu da estagnação com ousadia
pegou no ferro da pica e arrastou com ele a "procissão"
confiante no amuleto o rosto desfigurado
e lentamente caminhando à revelia
de todo o pensamento que consubstancia a razão
à chegada da tropa endémica destroçada
o comandante perguntou espavorido
não pelos mortos ou pela depressão sentida
mas pela viatura que ficara abandonada
que serviria o efeito da vitória alheia mais temido
que humilhação de perder a própria vida
e logo outra expedição para o resgate foi convocada
esta cena aqui contada a sangue frio
pretende ser demonstrativa do terror em evidência
que promove qualquer guerra individual ou colectiva
sem que os mandantes acantonados no seu brio
sejam sujeitos à humana consciência
que condena a agressão pela defesa ofensiva
está feito Samuel Dabó que um dia me sorrio
autor: jrg
imagem tirada da net
zpzpzpzpzpzpz
tantas vezes fui ao mar
sem nele ter naufragado
ainda eu mal era nascido
tanta vezes para te encontrar
sopra o vento num tornado
terra à vista meu amor desvanecido
tantas vezes fui à guerra
sem nela ter morrido
ainda o sol mal nascera
tantas vezes fiquei em terra
para ser em ti abrigo
da prole que então crescera
tantas vezes fui à morte
sem dela perder o medo
ainda a lua mal luara
tantas vezes para ser norte
desvendar o teu segredo
já a monte me mandara
tantas vezes fui mulher
na alma por entendimento
ainda o homem era machismo
tantas vezes sem querer
mudei meu entendimento
em face dum aforismo
tantas vezes fui amor
na alma de quem me quis bem
ainda o tempo mal mudara
tantas vezes sem pudor
rasguei num ventre de mãe
o prazer que venerara
tantas vezes fui mentira
na alma da injustiça
inda a verdade mal soletrava
tantas vezes me sentira
por medo ou vã cobiça
de parecer que me achava
tantas vezes fui silêncio
na alma em sofrimento
ainda o sonho mal refulgira
tantas vezes me sentencio
por teimosia ou lamento
não ser da ideia a mira
autor: jrg
artemis...imagem tirada da net
***
a poesia é talvez ainda também
este respirar num suspiro de alegria
que na inquietude da alma mãe
ilustra por toda vida a fantasia
cada pessoa na alma a interpreta
no som e no sentido da palavra inversa
mas é na alma apaixonada do poeta
que a poesia é da arte controversa
não se sabe desde quando por ventura
a poesia se assumiu em arte de comunicação
mas sentimos quanto ela exprime de ternura
quando sentida com amor e emoção
lá vem rejubila no aroma a Primavera
em verso solto ou em rima rimada
é uma sinfonia que na alma se libera
e que me encanta na mimica declamada
é drama protesta é lirica elogia é satirica
é arte que a alma modela e exalta
servindo-se dos poetas é neles onirica
que inebria o pensamento e o assalta
quando vestida na elegância do soneto
estado maior que a arte sublima
a poesia assume a dimensão do alimento
que a cultura elege em obra prima
ao poeta seduzido da sua inquietude
que em poesia exprime da alma humana
a beleza de ser pura na atitude
resta-lhe a humildade poética soberana
autor: jrg
Poesia...foto tirada da net
sonho um dia ainda te dizer
que o amor pode até ser poesia
quando a alma cansada de sofrer
se salvar do naufrágio na maresia
quando a poesia amanhecer
em nós amordaçados de desejos
e cada um de nós no outro acontecer
em versos com sabor a beijos
sonho sonhar-te poesia de paixão
vestida de sonho tão gentil
na elegância de te vestir sem pontuação
ao ritmo da melodia subtil
se vieres poesia em corpo de mulher
e de amor maior me seduzires
desfolharei para ti um malmequer
para em ti o meu amor sentires
sonho ser da poesia um mensageiro
entre vates e deuses descarado
ser por ela armado e feito cavaleiro
dentro dum poema versejado
porque não esmoreces na Invernia
nem és no Estio a perdição
sendo embora do Outono nostalgia
és na Primavera alegre sedução
sonho de sendo ainda aprendiz ser poeta
onde as musas espalham seu odor
martirizar a alma que me desinquieta
em odes de esperança e de amor
autor. jrg
foto de Mel Besuga
***
trago-te as flores e um brinquedo
palavras dentro dum sorriso
trago-te o pão bolos e um segredo
amar alimenta na alma o viço
**
trago-te amor duma forma estranha
uma carícia no teu rosto belo
um olhar que te penetra e te ganha
à solidão que colaste como selo
**
trago-te pincéis e tinta côr na tela
um cavalete e banco de pintora
para que exploda de ti criação bela
e meus olhos enchas de ternura
**
trago-te magia que exacerba vontade
um convite à festa da alegria
nos olhos luz que brilha é a verdade
nos lábios sensuais há poesia
**
trago-te um olhar diferente o mundo
esperança mora em ti tão pura
inunda o pensamento de amor profundo
estende a tua mão sem amargura
**
autor:jrg
já não se vêm mais os navios
na linha abaulada e recta do horizonte
a surgirem pequeninos frios
ali mesmo tão perto quase defronte
às vezes as ondas os cobriam
do meu olhar infante mas persistente
e logo os meus olhos sorriam
quando os lobrigavam mais à frente
havia o fumo escuro espesso
tocado a vento da alva e negra chaminé
alimentava meu sonho no começo
de correr esse outro mundo ali ao pé
de onde vista sobre água tanta gente
confinado a meu lugar interrogava
a alma em ânsias mistérios de quem sente
que outro mundo o mar inda desbrava
perdido o fascínio pelo desconhecido
na era fantástica do conhecimento
olho o mar vazio dentro de mim crescido
que me desinquieta o pensamento
jrg
cansei...tu o disseste
de viver te ti tigo
de amar onde cresceste
dentro de mim amigo
às vezes o cansaço vence
mas amar não é demais
nem quando a alma pertence
a sentimentos mortais
meu beijo teu respirar
te a ti ser sermos
por quanto amar demais
é cansaço vivermos
nos teus olhos eu me penso
dentro de em ti amante
amar-te demais vão imenso
entre o viver distante
quantas vezes adejando
sob a luz do luar
palavras corpos se amando
te me cansaste de amar
digo-te que amar é momento
sendo demais obsessão
viver cansado é tormento
de ser-te em contramão
quero-te ainda mais assim
instável incandescente
fogo que lavra dentro de mim
demais não sou inocente
autor:jrg
há muito que os meus olhos te seguiam
no teu andar trémulo desconfiado
no sorriso levitante e sempre triste
a pensar nos sonhos que te adiam
pesadelos no coração flor amordaçado
tanto de ti ainda em mim existe
hoje trazias calça bota de montar
cão pela trela sorriso de circunstância
vista de trás uma fita traiçoeira
de entre pernas parecia um rabo a abanar
que por magia ou douta cartomância
alguém ali postasse ou tu linda matreira
paraste antes de abrir a porta para me ver
a pretexto talvez do cão e do menino
falamos de coisas triviais na voz doçura
senti que a tua alma parara de sofrer
havia um brilho novo e sedução no feminino
mulher de luz formosa tão bela e pura
então pensei que eras uma princesa sitiada
nos teus olhos doces súplica sedutora
os lábios emitem sons sorrisos cintilantes
brisa quente vinda da alma esperançada
parei o tempo vi amorosa instante redutora
mulher grito de amor breves instantes
um mar sereno abissal de sensualidade
quis penetrar ousadamente a tua infinitude
romper o medo que segrega toda a razão
beijar teus segredos pelos becos da cidade
fértil nos desejos da minha juventude
mexes os lábios estremeces febril o coração
autor: JRG
foto tirada da net
ninguém podia sequer nem imaginar
que num crescente sentimento
feito brilho dos teus olhos no rutilar
seduziam amor em movimento
***
beija-me disseste docemente
parei,a medo colei teu corpo ao meu
os lábios na procura de quem sente
estar a meio de amar o que é seu
***
encostados sob a roupa os sexos palpitantes
impulsos do corpo a ganhar posição
os seios os lábios as línguas fogosos amantes
embrulhados no amor d'alma e coração
***
os corpos em chamas no túnel tremiam
as bocas ávidas de sucos virginais
teu beijo meu beijo nas sombras gemiam
lancinantes apelos d'ânsias carnais
***
encostei-te à parede quis ter um refúgio
que a luz se apagasse
se fizesse silêncio porque o mundo ruiu
e toda a gente fugisse
***
era dia num túnel de gente diferente
que olhavam na esperança da nossa alegria
o beijo sabia a sexo em volta ardente
e tinha o cheiro tempestuoso da maresia
***
autor: JRG
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