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SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

04
Jun08

QUANTOS SOMOS NA VERDADE?

samueldabo

Quantos somos, em nós e nos reconhecemos como um só quando enfrentamos as acções que nos vêm de fora e lhes respondemos com lascas do que somos ou inventamos ser ?

Todos os dias acordamos com a sensação de não sermos um monte de ossos provido de carne, com lianas de nervos e veias, rios de sangue e milhões de bactérias, umas nocivas e outras boas, que se encontram num limiar de si  a digladiar-se  entre si e fora de si, que nos consomem e renovam energia, num esforço quase inútil de nos fazerem aceitar a evidência mesquinha que somos tão frágeis e desprotegidos.

E a isto respondemos que temos a alma, que é um amalgama de vontade e de saber e que quanto maior o saber, maior a alma. Ou quanto maior a alma maior o saber.

A alma é então o cérebro que tudo comanda, de cima de nós e por dentro da pele e cartilagem óssea que se fecha e esconde esse centro de comando, aparentemente igual em cada corpo, mas de diferentes decisões e interpretação de conceitos, porque só aparentemente é igual na sua configuração externa.

Na sua essência, a matéria difere de ser para ser, por contaminação de outras almas ingénitas que subsistem e se transvasam de geração em geração.

Não basta dizer que sim- É preciso sentir.

Quantos somos em nós, afinal?

 

07
Mai08

E VIERAM AS TÁGIDES

samueldabo

Vieram de madrugada, as Tágides, e inundaram o meu sonho até então num emaranhado confuso, tornando-o mais fluente e limpido de contornos racionáveis, a deixar-me pairar nas nuvens dos desejos.

Havia grandes precepicios, entre altas montanhas  agrestes e despidas de vejetação.  No fundo, algém que me é querido, muito querido, um ente de feições descarnadas pela dor e ao cimo da montanha a salvação.

Eu a meio, impotente sem meios que me valessem para chegar à base da ravina, e ainda que chegasse, como alcançar o cimo , a perfeição?

E dei por mim a descobrir que voava. Não com asas como as aves da minha imaginação, mas com um simples movimento dos braços e das pernas em conluio.

Desci logo, a ver-me, como se nadasse. A ver a minha alma desprendida. Chegado ao fundo, que é onde a desgraça sempre bate, peguei o corpo inerte e quase descarnado. Pele e osso.

Os olhos abertos num espanto de quem acha em última instância a salvação.

E oiço as minhas próprias palavras ciciantes.

-Sou eu meu amor, aquele que te projectou muma ejaculação de Primavera, com tanto amor que te perdeu . Venho colher-te, porque tu és meu, queira ou não queira o papão.

E pegando nos meus braços, repentinamente imensos de força, o corpo a renascer de vida, inicio a subida ingreme, num esforço de marés vivas, contra o tempo incerto, a alma que pode voltar ao lugar de onde havia saído.

A meio, uma lufada de ares contrários desvia-me a tragetória. O suor escorre-me nas faces geladas pela euforia da subida agreste. Dou uma guinada. venço o vácuo que queria abater-me e mais a minha carga.

E num salto de gigante, numa última  investida da alma agitada  que ameaça voltar à matéria , galgo os silvados de picos agudizantes, a árvore altiva de ramos dispersos, a pedra sinuosa que proteje a plataforma firme e segura e deposito o corpo que de imediato renasce, ganha carne, cor e movimento.

E nisto, o sonho, se era sonho, acaba. E volto atordoado, abanando os braços, a ver se era verdade que voava.

 

05
Mai08

MÃE QUE NÃO TENS QUEM TE VENERE

samueldabo

Mãe

Mulher abandonada

por amores perdidos no deserto da vida

Mãe a quem a vida tirou o filho a filha

sem rasto em raptos sem destino

e que não terás a mensagem no dia que inventaram

Mãe que lutas ainda por um filho ou filha

arrastados na desgraça das drogas

que enriquecem abutres sedentos e insensíveis

e não terás direito a um beijo de saudação

Mãe que perdeste por morte súbita ou acidental

o único fruto saido do teu ventre

e não ouvirás a sua voz ladina cantar-te os parabéns

Mãe que não foste ensinada a sê-lo e por mor disso

te retiraram o filho os filhos

 e não saberás sequer que  inventaram um dia com o teu nome

Mãe preversa abandonada pelos filhos que geraste

Mãe de presos, ladrões assassinos, violadores

Mãe de loucos

Mãe de mudos, cegos.surdos , e outras anomalias congénitas

Mãe Mulher

Mãe coragem

Mãe que já te foste desta vida

Eu te saudo , hoje , amanhã, depois...

Mãe

 

02
Mai08

A SEDUÇÃO DO COMERCIAL - Memórias

samueldabo

Acordamos algures pela frescura da manhã silenciosa, incrédulos de não termos registado qualquer sonho que nos predispusesse para um dia que se adivinhava longo e imprevisível .

Cumprimos os rituais da higiene absoluta. Ensaiamos o sorriso, a carantonha, e outros tipos de sorriso que se apropriem a cada um dos actos programados.

Chegamos a pronunciar palavras.

-Bom dia como está? Um sorriso.

-Há quanto tempo não nos víamos! Um outro sorriso.

-Viva, borracho! Dormiste como uma deusa? E estás linda como sempre. Ainda um sorriso, mais aberto.

Apenas ensaios para não ser traído na hora da presença que pode anteceder espera ou ser de encontro imediato.

O papel de comercial intuitivo. Descontraído. Aprimorado no vestir e nos aromas e ciente das pressões para atingir determinados objectivos e dos entraves da concorrência e da alterações do mercado.

Ter uma estratégia e usar métodos astutos de penetração no inconsciente do outro. A lisonja inteligente, construtiva. Seduzir pelo aspecto e pela palavra. Ser querido.

Tornear as palavras, recheá-las de opíparos rendilhados apelativos, fazendo com que vibrem e se mexam e se imiscuam na mente do outro, da outra e o sirvam a ele como interprete das suas funções.

A cada um o seu cenário e ter de os contabilizar, registar sem mácula ou olvido, para nas visitas seguintes não trocar o mote, apenas variar pequenos pormenores que não tornem o diálogo monótono e sem sabor, desinteressante.

--Olá, como está fresca e rosada nos seus trinta anos . Não, vinte e nove.

Acha, mesmo ?  A cliente, com um ar a situar-se entre o incrédulo e a ingenuidade de acreditar que estava a ser devidamente apreciada.

-Não me venha com tretas que tem idade de ser minha avó.

A dizer as palavras com o sorriso apropriado, a olhar as rugas, o cabelo desajeitado, o tecido adiposo a sair do camiseiro. Ela, no seu melhor.

E ela, convencida e vencida a reconhecer que tem quarenta e dois ,e filhos homens.

Ele com um Ah! de grande admiração. O que faz para se conservar tão jovem. Em que região habita ou cresceu e se rejuvenesce assim?

Rendida, a cliente, pousa a mão no braço e falam do negócio que os traz aquela sala sombria, por onde o sol não entra.

Quando sai, o comercial tem um brilho nos olhos. Chegou a comover-se a serio com uma história pessoal que ela contou. E faz um último esforço para se recompor até ao próximo.

27
Abr08

TER...

samueldabo

Ter amor, esse sentimento tão profundo, eu em ti e tu em mim, como um só

Ter amigos, intensos, que nos ajudem e que não digam aquela frase torpe " se és meu amigo não me pessas  dinheiro emprestado".

Ter família

 Ter gente que se interessa por nós e gente por quem nos interessamos.

Ter gente que partilha a solidariedade.

Ter trabalho que nos alimenta os ócios.

Ter saúde e alegria por viver.

Ter orgulho de sermos o que somos.

Ter vontade. de viver sete vidas.

Ter sonhos que regurgitam na memória livre e se soltam para se realizarem.

Ter medo que nos usem e abandonem, descartável, sem préstimo.

Ter sorrisos que encantam quem nos quiser descobrir.

Ter a alma romântica de poeta. e espalhar poesia como arma de arremesso.

Ter a faculdade de aprender e de ensinar.

Ter a humildade de reconhecer que nada sabe.

Ter  a mente aberta a novas descobertas.

Ter o homem como fim de todos os motivos.

Ter da arte e do engenho e a ideia da concórdia.

Ter imagem.

Ter valores.

Ter a porta sempre aberta.

Ter uma convivência pacifica com os outros animais

Ter a graça de uma criança e ser feliz

 

 

13
Abr08

O ACTO DE CUSPIR

samueldabo

Cuspir, em Portugal, hoje, como ontem, é um acto de cidadania.

As pessoas cospem na sopa. Cospem nas ruas por onde passam. Cospem para o ar, mesmo avisados que o cuspo lhes pode cair em cima. Cospem da janela dos carros em andamento e atingem outros que ás vezes, até nem têm o hábito de cuspir. Cospem nos cinzeiros em recintos públicos. Cospem da janela de suas casas e atingem passantes incautos que se incomodam, barafustam, mesmo sendo, eles próprios, activos cuspidores por onde passam. Cospem com raiva.

E eu questiono-me das razões invocadas, os lenços de papel são caros e nem sempre há receptáculos, guardá-los no bolso das calças, na mala de mão, que nojo!

E atento nos ídolos da bola, futebol, por cá e por esse mundo fora, cuspindo com personalidade no relvado,  onde, por vezes, se rebolam em quedas aparatosas, envolvendo-se em cuspo com voluptuosa ansiedade. Cuspindo no adversário que lhe deu uma cotovelada . E tudo isto colocado em evidência, pelos média, duma forma seráfica, apaixonada.

Nas salas, públicas ou privadas, onde a televisão transmite o sórdido  espectáculo, adultos, jovens e crianças que absorvem as imagens e as imitam, excitados.

Os atletas cospem as frustrações e limpam os lábios à camisola. Os cidadãos cospem a inteligência e limpam os lábios ao lenço.

Cuspir é pois uma instituição social Nacional.

E eu digo,  que é tempo de cada um engolir  o seu cuspo, porque a saliva não é um bem perecível, é nosso, ajuda a hidratar , tem sabores e tem cheiros, além de germes que podem prejudicar os outros.

09
Abr08

DEIXEM ESMERALDA VIVER

samueldabo

Um homem tem uma relação fortuita com uma mulher. Da relação nasce uma menina. A mãe diz-lhe que ele é o pai. Ele duvida e não assume a paternidade. A menina nasce e a mãe, considerando que não tem condições para a criar, entrega-a, à revelia do direito, para adopção.

A menina tem cinco anos hoje. O pai biológico que entretanto fez testes de paternidades   viu confirmada a génese e quer a menina de volta, contra a opinião de psicólogos, sociólogos , pedopediatras e os pais adoptivos.

O caso é levado aos tribunais. Os juízes não se entendem. Ora ordenam a entrega, ora favorecem compassos de espera. A última página, à porta do tribunal, com a criança a recusar sair do carro e alguém abalizado a instigar o pai adoptivo para que tomasse uma atitude de força contra a criança.

Juízes, advogados, gente a que nos habituámos o devido respeito.

Não há quem pare esta tragédia que se abateu sobre uma criança que não pediu a ninguém para vir?

A declaração universal dos direitos da criança não é suficiente para acabar com este suplicio?

Não será tempo de fazermos ouvir o nosso : Nãããããããããoooooooooo !!!!!!!!!!!!, em uníssono , de Norte a Sul, para que os hipócritas do direito deixem esta criança em paz?

Não basta perguntar à criança. Onde , com quem queres ficar?

Vamos, nós gente que habitamos este país, que pagamos impostos directos e indirectos, permitir que uma criança de cinco anos seja disputada na praça pública, nas salas frias dos tribunais, despojada da sua personalidade, interditada de amar a quem ama e de querer a quem quer?

Estendo-te a minha mão, Esmeralda, temendo que não vá a tempo de a poderes agarrar. E apelo às pessoas, chamadas povo, do meu país, e aos que têm a responsabilidade pelo nosso bem estar, para que termine esta chacina da tua identidade.

 

08
Abr08

E AGORA?

samueldabo

E agora?

Levantas-te pela manhã, à mesma hora. O mesmo ritual. E sais à procura dos dias, dia a dia, a ver o rio, adivinhar o mar ali tão perto e saudar os que, como tu, esquecidos, vagueiam nas ruas ao sol, ao vento, à chuva.

No outro lado da vida, a luta continua encarniçada.

Contar os euros, parecer ser melhor do que o outro, apropriar-se das ideias, comprar, vender, chegar depressa, ganhar, perder, a importância do que dizes, a insignificância dos rivais, os amores, as traições, os objectivos, a ganância, o crime, a fuga aos deveres que nunca aceitamos, a exigência dos direitos.

O teu pensamento está lá, nesse turbilhão excitante que, apesar de tudo, é vida.

Mulher, homem, que nos guardas na memória.

04
Abr08

A LUTA DE UM MENINO DE 4 ANOS COM A SUA EDUCADORA

samueldabo

Há dias, num infantário, jardim de infância, na vila onde eu moro, assisti à luta de um menino de 4 anos com a sua educadora.

O menino debatia-se, perante a sua própria impotência, e gritava o mais alto que lho permitiam os seu pulmões ainda viçosos.

-Larga a minha mão! Larga a mão! e chorava.

Indiferente, insensível ao choro, quase o arrastando, a educadora lá ia dizendo.

-Tens que vir! Tens que vir!.

-E o menino, debatendo-se ( não, não vi pontapés), fincando os pés, resistindo.

-Larga a minha mão!

Juro que é verdade. Eu vi!

Não uso telemóvel com câmara. Mas, por um momento pensei chamar a policia e ser testemunha do ataque violenta dum menino à sua educadora. Que pais? Que País. Aonde vamos parar.

Mas não. Pus-me a pensar. É pura coincidência!

29
Mar08

Sr.EMÍDIO RANGEL, ASSIM NÃO BRINCO

samueldabo

Assim não vale.

O Sr. Emídio Rangel desancava, há dias, os professores, na sua coluna de  opinião no Correio da manhã, os lobbies , a má formação pedagógica, as atoardas contra a Ministra da Educação e por aí fora.

Hoje, a propósito do vídeo que descambou em histeria Nacional, diz que a expulsão da aluna, protagonista do episódio com a professora, é o castigo mínimo .

Deduzo, subjectivamente, é verdade, que a condenaria à fogueira.

A educação é um tema na ordem do dia e, se bem que os protagonistas se digladiem , nem sempre servindo de melhor  exemplo para os educandos, é nosso dever continuar a aprofundar as soluções, sem radicalismos exacerbados, nem a procura de ganhos de grupo ou de pessoa.

O Estado já instituiu a pré escola, muitos pais vão mais longe, depositando os filhos nos infantários desde os seis meses, ou menos. As famílias são disfuncionais. O estado maltrata as famílias com imposições legais. Nas empresas grassa a mediocridade. O stress, o compadrio, a fobia do desemprego.

E a culpa é só das crianças, dos adolescentes? Das famílias? Dos docentes? Do governo?

É tempo do Estado decretar o regime de educação Espartano. Retiram-se as crianças aos três anos e responsabiliza-se, desde logo, uma só entidade; O Estado.

 

 

 

 

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