UM BERLOQUE NO TRASEIRO
há muito que os meus olhos te seguiam
no teu andar trémulo desconfiado
no sorriso levitante e sempre triste
a pensar nos sonhos que te adiam
pesadelos no coração flor amordaçado
tanto de ti ainda em mim existe
hoje trazias calça bota de montar
cão pela trela sorriso de circunstância
vista de trás uma fita traiçoeira
de entre pernas parecia um rabo a abanar
que por magia ou douta cartomância
alguém ali postasse ou tu linda matreira
paraste antes de abrir a porta para me ver
a pretexto talvez do cão e do menino
falamos de coisas triviais na voz doçura
senti que a tua alma parara de sofrer
havia um brilho novo e sedução no feminino
mulher de luz formosa tão bela e pura
então pensei que eras uma princesa sitiada
nos teus olhos doces súplica sedutora
os lábios emitem sons sorrisos cintilantes
brisa quente vinda da alma esperançada
parei o tempo vi amorosa instante redutora
mulher grito de amor breves instantes
um mar sereno abissal de sensualidade
quis penetrar ousadamente a tua infinitude
romper o medo que segrega toda a razão
beijar teus segredos pelos becos da cidade
fértil nos desejos da minha juventude
mexes os lábios estremeces febril o coração
autor: JRG