AO ENTARDECER...
ao entardecer
os pássaros trocam trinados
amantes de vida nas copas frondosas
das árvores viscerais
das ruas da cidade
no chão vestido de pedra
formigas esgueiram-se
por entre os passos carreiros de gente
singular indiferente
imersos nas suas tragédias
escorrem poemas abrigados
pelas fachadas coloridas
dos prédios gigantes adormecidos
no céu nuvens carregadas
vagueiam ao sabor dos ventos
há uma alma nova no poema
que não é apenas a alma do poeta
talvez um pedaço de cada alma que viveu
nas vivências andarilhas
entre o ser e o não ser... um vácuo
faz frio ou chove
e não florescem plantas
plantaram de cimento onde havia campos
as águas esgueiram-se
pelas sarjetas rumo ao rio
ao entardecer
ainda há quem olhe o sol
no ocaso vermelho de tons róseos alaranjados
corre uma brisa mansa
entre pensamentos do homem
correm sinais da natureza
sismos vulcões ondas gigantescas
como éditos de uma força invisível transcendental
e vozes que gritam à unidade
ao sentir das evidências
autor: JRG