A VISITA DO FILHO PRÓDIGO
Que bom ver-te, meu menino! E como estás bonito!
Há quanto tempo não te via, os olhos brilhantes e o rosto cheio de carne sadia. O falar fluente, a alegria, o abraço forte, o beijo.
Fico a olhar os teus gestos decididos a desfazer a mala. A arrumar tudo meticulosamente.
Há vinte anos que te não via e só guardava a tua imagem de menino. Lindo, de olhos grandes, castanho escuro, os caracóis em revolta na cabeça de sonhos. E o sorriso.
Voltaste a sorrir, como quando jogávamos à bola na mata em frente, e te fazia perder para ouvir os teus protestos, porque só querias ganhar.
Que bom ver-te meu amor. Sentir que não te levaram de todo. Que ainda resistes e estás mais determinado do que nunca a vencer.
Bem podias ter vindo mais cedo. A minha mão esteve sempre estendida do lado de fora do mundo em que caíste. Em frente de ti. E sempre que te via, acenava-te. Gritava o teu nome. Filhoooo !!!...
As novidades? Estamos bem, como vês. Chegou uma menina encantadora que cresce plena de felicidade. A neta, tua sobrinha. O pai está desempregado A mãe, continua batalhadora. Estamos bem, como vês.
Que bom ver-te com a esperança embandeirada. O hino de confiança. A paz que regressou ao teu coração desfeito em rotura com o mundo.
Que bom ver-te, fruto de um grande amor , quando já desesperava de te ver.
Bem vindo a casa e fica, se vieste para ficar.