CARTA ABERTA À ADOLESCENTE DA ESCOLA CAROLINA MICHAELIS
Sabemos quão problemática, tem sido noticiada e empolada, a situação que se vive nas escolas, os confrontos de personalidade entre professores e alunos a que os pais acorrem em defesa da prole.
Vimos o vídeo , felizmente que há o vídeo , e seguimos entusiasmados a luta entre a professora e a aluna pelo telemóvel, a reacção delirante dos restantes alunos. Alguns de nós lembrou semelhanças da adolescência, rebolando-se no chão do recreio pela posse dum pião, duma carta secreta de namorados. Até que, acabou, a aluna conseguiu recuperar o objecto da sua intimidade. E para nossa maior decepção, não houve sangue. Não foram usadas armas de fogo ou de lâmina afiada.
Houve um aluno que filmou as cenas e, na sua ingenuidade, à borla, ofereceu mais valias a tudo o que é imprensa ou veículo de noticia, aos professores que reclamam direitos, aos políticos da oposição que querem outras medidas, não querem a ministra, não querem governo. Bom , só mesmo a barbárie . Infiltrar câmaras nas escolas e inventar agressões.
Pede-se a cabeça da aluna. A professora remete-se ao silêncio. Condena-se o governo, mais uma vez e pede-se a presença da Ministra no hemiciclo onde tudo se cozinha
Pobre adolescente, já confessaste arrependimento. Estás disposta a pedir desculpa, a trilhar novos caminhos sem ofensas, mas não tens hipótese. Vais ser condenada sem apelo nem agravo. A chamada opinião pública já te leu o veredicto e quando assim é, os julgadores são implacáveis.
À Senhora professora ninguém indagará das razões que a levaram, que stress ou mal formação pedagógica, que orgulho ou prepotência pessoal, a denegrir a sua imagem educadora, a deixar-se envolver numa disputa física pelo objecto da discórdia, a expor-se ao ridículo perante a turma, à completa perda de autoridade.
A meu ver, tanto bastava que, sendo proibido o uso do telemóvel, a senhora professora convidasse a aluna problemática a sair da aula, para ser acompanhada por um técnico especializado, um psicólogo, não para ser irradiada dos seus projectos.
Aqui te deixo, adolescente , a minha solidariedade , sem que aprove a tua conduta. Não se questiona em público os superiores hierárquicos , vais aprender pela vida fora.
Sei que ninguém vais estar contigo nesta hora difícil , mas eu, que não tenho medo da opinião, nem estou comprometido com os lobbies da educação, ofereço-te a minha mão.
Para que caminhes confiante e resoluta sobre os espinhos da vida onde te colocaram sem aviso prévio.
Eu que não sou nada. Que, muito provavelmente , não conseguirei levar-te esta mensagem, mas tentei.
de amigo