AS PALAVRAS QUE SEMPRE TE DIREI
As palavras foram sendo armazenadas a esmo, sem critérios, do que ouvimos e nos foram dizendo, do que lemos.
As palavras tomaram significado, importância na formação da nossa personalidade, à medida que as fomos codificando, armazenando, cada uma em lotes de muitas, na prateleira apropriada, e ali ficaram à espera de serem usadas.
Fomos aprendendo, ardilosamente, a utilizá-las em cada momento e estado de alma e segundo os objectivos que nos propusemos .
Temos palavras para todos os gostos, de circunstância, de amor, de ódio. Até quando dizemos: - Não tenho palavras para.... É porque não nos convém, no momento, dizer as palavras, ou porque tememos as consequências adstringentes.
As mais usadas são o sim e o não, tendência da infância. E nem sempre as assumimos na sua plenitude. Ás vezes trocamos o sentido da nossa própria vontade de as dizer. Dizemos uma quando queríamos era dizer a outra e vice-versa.
As palavras substituíram sons e desenhos que não expressavam adequadamente as nossas emoções. São mais práticas. E podem ter vários significados que criamos e que nos permitem sempre recuar perante uma qualquer reacção adversa.
As palavras podem ser absurdas, inapropriadas, indecorosas, obscenas, velhacas, irritantes, doces e melodiosas. Podem ser retumbantes, tímidas , medrosas , humilhantes. Mas são, apenas, palavras.
A patologia que as transforma em arma de destruição maciça, é a mesma que induz a que se tornem paladinas de sublimes tratados pacifistas.
As palavras são temidas e amadas. São amigas. São desertos, florestas de enganos, são amor e paixão, são derrota e vitória, são traição.
São meras palavras que inventámos, algures no tempo e cujos significados fomos alterando aqui e ali de acordo com o efeito da sua aplicação.