POETA LITIGANTE
o poeta desquita-se da consciência
que importa, tanto faz
litigar à vida tanta importância
se tudo o que ele quer é ter paz
o poeta ganhou o vicio da litigância
é apelante e apelador como covém
não sabe nada vive da ignorância
acusa ou defende quem sair da lei
o poeta é senhor da lei que o projecta
manobra nas entrelinhas dos artigos
ele sabe que o que ao povo mais afecta
não é a porca é a rosca dos parafusos antigos
o poeta evoca as folhas secas de Outono
e as que daquelas florescem pela Primavera
o poeta é louco ou faz de conta que é dono
de toda a magia que emana e que em si mesmo degenera
chegado ao fim encarcerado o dilema
o poeta despede o clínico apavorado
escreve na memória futura do poema
que de louco um pouco era agora está curado.
autor:jrg