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SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

12
Mar08

REFERÊNCIAS PARA A MINHA NETA, COM AMOR

samueldabo

Querida,

flor das flores, tão frágil nos teus dois anos, e já tão senhora  das tuas vontades. As coisas que vais ter de aprender se não quiseres ser presa fácil das frustrações inquietas na sua mediocridade.

Hoje és uma menina feliz, muito mimada e desenvolvida, a avó o avô, o pai e a mãe, fazem-te parecer uma rainha em corte faustosa e rendida aos teus desejos. Não posso evitar de te mimar, mas reconheço os perigos que advirão da tua ingenuidade.

Sob a protecção dos que te veneram, quando estás no parque infantil, é tudo teu. Os outros meninos deviam render-se, igualmente, aos teus caprichos. Precisas aprender que o parque é de todos os meninos e todos gostam de andar no baloiço que elegeste como teu favorito.

E quanto aos brinquedos que levas a passear? Deves partilhar com os teus companheiros de brincadeira. São simplesmente brinquedos e vais aprender que brincar em grupo é muito mais divertido do que brincar sozinha  . Os brinquedos também vão gostar de conhecer novos amiguinhos.

Em breve vais para a escola, onde encontrarás alguns dos amigos do parque e outros que não conhecias. Um senhor ou uma senhora vão ensinar-te coisas que só eles sabem ensinar. E os métodos vão ser diferentes dos, até aqui, ensinamentos da avó e dos pais. Para os novos mestres, os meninos e as meninas merecem um tratamento igual para todos. Aí não vais encontrar o amor  e a permissão em que tens vivido. Faz parte do caminho de aprendizagem, de seres mulher,  mas não duvido que os teus mestres da escola sentirão muita ternura por todos vós.

A tua ida para a escola marca o inicio de pequenos medos que te afectarão o carácter, mas também imensas alegrias, amizades e crescimento  como pessoa.

Agora vais ter de partilhar informações, conhecimentos, como fazias com os brinquedos e outros, mais antigos, vão partilhar contigo, para que aprendas formas de defesa em relação à vida, e concebas, quem sabe, uma nova ordem na relação entre as pessoas.

Na escola existem meninos mais crescidos. Não tenhas pressa de ser como eles. Aprende a gostar de ser pequenina, como quando pedias à avó para te levar ao colo, ainda que cansada pela idade, em breve também serás grande.

Aprende a tratar os mais novos com respeito, não te divirtas com os defeitos, a cor da pele, a dificuldade de aprendizagem. Respeita sempre, de igual modo, os mais velhos.

Não deixes que um sentimento, um dito, uma atitude, um fracasso, afectem o teu amor por ti própria. Nem exacerbes a auto estima, a ponto de te pensares superior a todos os outros. Acredita que dependemos todos uns dos outros. Ninguém é indispensável. E ninguém é dispensável, ajuda pois os mais fracos ou desajustados que não tiveram um inicio tão faustoso de carinhos como o teu. Vais precisar de todos eles. Vão precisar de ti.

Sê amiga de todos os animais, porque eles complementam a nossa felicidade e não pises as flores dos poucos jardins que encontrares, porque são a tua reserva de beleza.

Não culpes os animais por fazerem os dejectos no meio da rua, quando por , distracção, sujares o teu sapato. A responsabilidade é do dono que não limpou. Não cuspas no chão, não só porque é feio, mas, mais importante, pode contaminar o ambiente com doenças que as outra pessoas vão apanhar, traz sempre contigo lenços de papel e não te esqueças de depositar todos os desperdícios no caixote como o avô, cedo, te ensinou.

Continua a amar  o vai e vem das ondas do mar, por se parecerem com a vida.

 

 

registed by: João raimundo

 

12
Mar08

APARÊNCIAS

samueldabo

Sempre pensei que a imagem, de nós, a que transmitimos aos outros, em qualquer profissão, deve ser trabalhada cuidadosamente, de acordo com o meio e com os objectivos que cada um persegue.

Daí que na minha actividade de comercial procurei sempre ataviar-me com o esmero possível , higiene e boa disposição.

Um dia, ao entrar a porta dum prédio, de visita a um cliente para formalizar um negócio em que tinha de me aplicar, vestia um facto de bom corte e marca  que me dera um arquitecto meu amigo, engordara no sentido inverso em que eu emagrecera,  um ar jovial a ganhar confiança e sem um único cêntimo no bolso, por adversidades diversas, mas cheirando a magnata, cruzei-me com uma mulher muito idosa, vergada por pesos múltiplos que me pediu ajuda para uma sopa.

Olhei-a, bem no centro dos olhos pequenos e semicerrados , um ar respeitoso e confiante de assegurar, talvez, a primeira refeição do dia e respondi, vencido nos meus esforços para parecer ao cliente a solução, com os meus próprios olhos a toldarem-se de emoção:

- Eu não tenho dinheiro. Nada. Não posso ajudá-la.

A mulher olhou para mim, com um ar de incredulidade. Com o desdém e a arrogância dos que nada tem e nem esperam já obter qualquer benesse:

- Não tem! Vestido dessa maneira! Não tem!

- É a verdade. Não parece, mas é a verdade.

 Tentei justificar,  como que pedindo desculpa por não ter, quase gritando a revolta de não ter e voltei a sair, vaguear um pouco, recobrar a confiança na mentira que eu era, para voltar de novo ao cliente, como parecia ser.

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