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SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

07
Mai08

E VIERAM AS TÁGIDES

samueldabo

Vieram de madrugada, as Tágides, e inundaram o meu sonho até então num emaranhado confuso, tornando-o mais fluente e limpido de contornos racionáveis, a deixar-me pairar nas nuvens dos desejos.

Havia grandes precepicios, entre altas montanhas  agrestes e despidas de vejetação.  No fundo, algém que me é querido, muito querido, um ente de feições descarnadas pela dor e ao cimo da montanha a salvação.

Eu a meio, impotente sem meios que me valessem para chegar à base da ravina, e ainda que chegasse, como alcançar o cimo , a perfeição?

E dei por mim a descobrir que voava. Não com asas como as aves da minha imaginação, mas com um simples movimento dos braços e das pernas em conluio.

Desci logo, a ver-me, como se nadasse. A ver a minha alma desprendida. Chegado ao fundo, que é onde a desgraça sempre bate, peguei o corpo inerte e quase descarnado. Pele e osso.

Os olhos abertos num espanto de quem acha em última instância a salvação.

E oiço as minhas próprias palavras ciciantes.

-Sou eu meu amor, aquele que te projectou muma ejaculação de Primavera, com tanto amor que te perdeu . Venho colher-te, porque tu és meu, queira ou não queira o papão.

E pegando nos meus braços, repentinamente imensos de força, o corpo a renascer de vida, inicio a subida ingreme, num esforço de marés vivas, contra o tempo incerto, a alma que pode voltar ao lugar de onde havia saído.

A meio, uma lufada de ares contrários desvia-me a tragetória. O suor escorre-me nas faces geladas pela euforia da subida agreste. Dou uma guinada. venço o vácuo que queria abater-me e mais a minha carga.

E num salto de gigante, numa última  investida da alma agitada  que ameaça voltar à matéria , galgo os silvados de picos agudizantes, a árvore altiva de ramos dispersos, a pedra sinuosa que proteje a plataforma firme e segura e deposito o corpo que de imediato renasce, ganha carne, cor e movimento.

E nisto, o sonho, se era sonho, acaba. E volto atordoado, abanando os braços, a ver se era verdade que voava.

 

26
Fev08

EREMITAS NA MULTIDÃO

samueldabo

Observo as pessoas que se cruzam no caminho, homens, mulheres, crianças. Casais sorridentes ou de rostos opacos. Expressões de convivências difíceis , ou a bonomia de andanças concertadas.

Rostos que encerram dramas sigilosamente escondidos.

-Como estás?

-Tudo bem. Tudo numa boa. E tu?

-Melhor não podia ser.

E é mentira..

As crianças também reflectem a alegria e a tristeza. Inocentes, não sentem a força de mentir e seguem guiadas pelas mãos, por vezes inquietas, dos que as chamaram ao mundo para proveito próprio.

Somos todos o fruto de uma relação que nem sempre, quase nunca, nos teve em conta. E criamos problemas uns aos outros, para que o nosso caminho seja menos sinuoso.

Olho o rosto daquela mulher que tira um cigarro do maço e o coloca nos lábios. Andar vacilante a fingir confiança, maturidade. Os olhos fugidios, não mentem. A seu lado, passo desacertado, mãos caídas , oscilando, um homem que espelha a desordem emocional do momento, dos momentos.

Passam por nós e nada. Cada um por si. A construir a bola de neve que nos incomoda e sem espaço para a explosão da vontade.

 

23
Jan08

E O AMOR É !

samueldabo
Gostar, amar, a si próprio, com tudo o que compõe o ser que somos,externa e interiormente.
Eu costumo dizer que o cumulo do amor por si próprio, não é olhar a imagem reflectida na água ou no espelho e achar-se belo ou bela, segundo padrões subjectivos que diferem, as mais das vezes da relação ser/parecer, mas sim, o deliciar-se, gostar, dos aromas exalados, incluindo os que expelimos do interior de nós, através dos gazes ( vulgarmente chamados " bufas " ).
Gostar de si, e ou, do seu par, em absoluto.
O amor é uma paixão continua que não se extingue, ainda que subsistam problemas angustiantes na vida dos parceiros, se os aromas os prenderem e estimularem para os solver em conjunto.
O grande problema das desavenças conjugais é este desencontro entre o parecer (aromas comprados na perfumaria, atavios desproporcionados, linguagem desleal) e o ser, os aromas puros, a lealdade no projecto.
E é pela manhã que a verdade nua e crua se evidencia. Deitámos extasiados com os perfumes que aceitámos como padrão e aos poucos, pela manhã, ao acordar, o amor vai-se indo. E qualquer diferença de opinião, torna-se numa tempestade.
Relembro as mulheres que exalavam o aroma do cio, sob as sais curtas, quando subiam para os eléctricos de Lisboa, pela manhã, lavadas. Quantas mulheres eu não amei, sem ter amado?! E fiquei com uma delas para sempre.

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