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dei coices espinoteei
fiz queixa mas fui alvo do riso da chacota
trabalhei muito ganhei demais
o erro foi de quem me pagou fora da lei
se pobre não ganhava pr’á palhota
como fora eu capaz de ganhos tantos de tais
*
fui ver e era tão pouco
mal chegava tiradas as taxas e penhoras
mais os aumentos abrangentes
para ser por um só mês o tipo louco
de pagar rendas a horas
e comer todos os dias refeições quentes
*
decidi não saudar o ano novo
tanto se me dá que seja bom ou seja mau
tão pior que ser um pobre rico
é a pilhagem que o poder faz ao povo
que em cada mão renasça o pau
que há-de correr sem medo o mafarrico
*
autor: joão raimundo gonçalves
(poema inserido no livro: A insurreição das PALAVRAS)
de súbito surge-me o teu rosto
tão linda airosa e bela
mau grado os sinais do fogo posto
que a ilusão deixou nela
quem foi no teu sorriso se apagou
a alegria de ser onda do mar
num vai e vem brilhante que cegou
amor que a tua alma faz gritar
fixo nos teus olhos doce ternura
dizem no silêncio que calas
a dor do erro humano que perdura
soa nas palavras que exalas
pode um ser mulher no preconceito
ser livre de virtude inteira
quando o amor que sente no peito
esbate como onda na barreira?
sondo a alma se foi magia feitiço
quero soltar nova a confiança
levantar mais belo o teu sorriso
a alegria feliz duma criança
por mais que doa o ser abandonada
ou do amor perdido a ilusão
uma onda é no mar força alternada
traz e leva a energia da razão
elevar-te ao Olimpo sendo a deusa
que partilha a alma solidária
por mais que a amargura te reduza
és onda do meu mar imaginária
de encantar tão de ti tanta beleza
num coração mulher humanidade
escrevo em cada verso amor e natureza
com palavras de mel e amizade
jrg
já não se vêm mais os navios
na linha abaulada e recta do horizonte
a surgirem pequeninos frios
ali mesmo tão perto quase defronte
às vezes as ondas os cobriam
do meu olhar infante mas persistente
e logo os meus olhos sorriam
quando os lobrigavam mais à frente
havia o fumo escuro espesso
tocado a vento da alva e negra chaminé
alimentava meu sonho no começo
de correr esse outro mundo ali ao pé
de onde vista sobre água tanta gente
confinado a meu lugar interrogava
a alma em ânsias mistérios de quem sente
que outro mundo o mar inda desbrava
perdido o fascínio pelo desconhecido
na era fantástica do conhecimento
olho o mar vazio dentro de mim crescido
que me desinquieta o pensamento
jrg
de manhã quando levanto
olho o espelho e vejo um rosto
o sono que nele se vai quebrando
ou no desassossego ainda em mosto
***
os olhos encolhidos a boca num esgar
a pele ressequida de suor
talvez um pesadelo o meu sonhar
e este gosto amargo na boca sem pudor
***
de manhã quando levanto
e me lobrigo entre pestanas entaramelado
balbucio o teu nome num quebranto
aspiro o teu cheiro agre adocicado
***
sinto ainda do teu corpo o quente
e sobe-me o aroma do teu odor
sou eu ou outro este que vejo e te sente
no acordar de cada sonho o teu calor
de manhã quando levanto
abro os olhos para te ver dentro de mim
sorrio ante a beleza do teu encanto
e sinto que és a mais bela flor deste jardim
***
mexo os lábios e digo bom dia
passo a mão sobre a pele os pelos duros
esboço um sorriso de harmonia
dou um grito a chamar os de mim mais puros
***
de manhã quando levanto
trago na alma o sabor e o perfume
da mulher de cujo amor sempre me espanto
tão duradouro aceso este meu lume
***
autor:JRG
se ama Maria se ama
vais ver que o amor
é da alma que o chama
e te cura minorando a dor
se ama Maria se ama
amando teu corpo a alma a dor
mulher inteira que clama
ser fêmea mãe amante amor
se ama Maria se ama
está chegando um novo alvor
no sorriso acesa a chama
menina fogo aroma de flor
Se ama Maria se ama
teu corpo de adolescente
a alma sobre ti à espera plana
Maria menina resplandecente
se ama Maria se ama
doce encanto o teu olhar
serás sempre a bela dama
que o mundo quer amar
se ama Maria se ama
não importa ciúme a indiferença
sua beleza é que a trama
e esse seu sorriso de criança
se ama Maria se ama
há tanto amor em teu redor
apenas não te iludas na fama
é aura que limita e causa dor
autor: JRG
Volúpia - foto tirada da net
falo com ela doce ternura
de temas íntimos quentes viscerais
falamos da alma da magia pura
que nos envolve nas palavras sensuais
falo com ela de nossas inquietações
do ser e do mundo que o rodeia
trocamos beijos sentimos sensações
alimentamos de sonhos a ideia
falo com ela do corpo e do desejo
que nos inebria de fantasia perturbante
sinto e ela me sente quando a beijo
no fogo da palavra carinhosa penetrante
falo com ela de amor livre e preconceito
da liberdade de amar profundamente
tão feminina no falar esse seu jeito
que me agita o coração nela incandescente
falo com ela noite dentro madrugada
no silêncio do espectro tecnológico
ela de mim fogosa em ânsias excitada
eu mergulhado no abismo cósmico
falo com ela sem dar pelo tempo que passa
as palavras levam emoções subliminares
fazemos amor dentro das palavras cheias de graça
por entre cheiros de mar e sombras de Palmares
falo com ela e sonho do seus sonhos
desvendamos mistérios criamos fantasias
fazemos retratos de vida entre os escolhos
e gargalhamos sobre medos e magias
autor: JRG
Quando a tua voz na discussão se altera e grita
Som estridente que gera confusão e fere
Onde a alma amante que te sente e se agita
Saber que é efémera a revolta que o corpo gere
Ao discutirmos dilemas palavras malditas
Revolve-se a alma no corpo a quente
Palavras que ecoam entre palavras quase infinitas
Até que a calmaria nos sossega a mente
Terá a ver com o momento em que nasceste e eu nasci
O ano o mês os genes que nos dão a consistência
Ou é do saber sem preconceitos que contigo discuti
E do respeito que temos ao sermos na nossa existência
Quando discutimos os olhos tensos alvorotados
E nos dizemos os lábios em trejeitos fartos um do outro
Se saímos em busca de solidão amarrotados
Logo a doçura de nós invade o coração afoito e douto
Faz quarenta anos que te amo e nos gritamos
Gritos que fortalecem nossos desejos
Depois do grito fazemos sexo e nos beijamos
Entre silêncios gritados nos teus beijos
A vida deificada fica suspensa de valor
Inventamos factos discordantes entre o sono e o despertar
Na labareda dos sonhos que alimentam nosso amor
Porque te amo sem conscientemente te adorar
Porque te sinto inteira e pura em mim
Sou teu vassalo quando me gritas sem te avassalar
És o meu alimento gritante até ao fim
Autor: JRG
vejam bem
que nem tudo são espinhos
onde existem rosas
há também
perfumes vizinhos
cores maviosas
vejam bem
que nem tudo é amor
onde existem paixões
há também
fogo que queima sem ardor
frio que arde nos corações
vejam bem
que nem tudo são luzes
quando o olhos rutilam
há também
brilhos fantasistas que iludem felizes
e deixam mágoas que ficam
autor: JRG
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