Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

SamuelDabó

exercícios de escrita de dentro da alma...conhecer a alma...

12
Dez10

SIMULACRO

samueldabo

já não se vêm mais os navios
na linha abaulada e recta do horizonte
a surgirem pequeninos frios
ali mesmo tão perto quase defronte

às vezes as ondas os cobriam
do meu olhar infante mas persistente
e logo os meus olhos sorriam
quando os lobrigavam mais à frente

havia o fumo escuro espesso
tocado a vento da alva e negra chaminé
alimentava meu sonho no começo
de correr esse outro mundo ali ao pé

de onde vista sobre água tanta gente
confinado a meu lugar interrogava
a alma em ânsias mistérios de quem sente
que outro mundo o mar inda desbrava

perdido o fascínio pelo desconhecido
na era fantástica do conhecimento
olho o mar vazio dentro de mim crescido
que me desinquieta o pensamento

jrg

06
Set08

SER TIO AVÕ E SER AVÔ - TRÊS MOMENTOS DE MIM

samueldabo

A terceira geração de mim, começou com o Tiago, há 29 meses, e foi uma emoção, a festa  comemorativa do evento reuniu a segunda e a primeira gerações, num ambiente em que se esqueceram quezílias antigas e se progonosticaram bons ventos ao bebé que nos olhava de olhos semi  fechados, como se adivinhasse que os vultos à volta o saudavam na alegria  da criação. O Tiago desenvolveu-se em harmonia do corpo com a alma e é hoje um bonito menino, falador, traquina e na senda do saber sustentado. Ao Tiago de quem sou Tio-Avô, a minha saudação muito especial para que a vida lhe sorria e ele seja um homem do futuro.

Ao meu sobrinho Rodolfo, pai do Tiago, a quem a vida pregou rasteiras de rondar a tragédia,  a minha saudação amiga e fraterna e o desejo que consiga inverter a vontade do corpo e do submundo da mente, para benefício da alma. E estendo os meus desejos de felicidade à Carla, a mãe que tudo gera e à volta de quem tudo gira

Dois meses depois nasceu a Leonor. Não sendo uma bebé modelo, era a minha bebé, a primeira menina de mim. Esperada há anos e sempre adiada por problemas do pai e ou da mãe, ou de não ser o tempo, o seu tempo. Nasceu em berço de ouro e foi uma explosão de carinhos e dedicação absoluta para que crescesse feliz e saudável.

Foi com uma enorme felicidade que acompanhei o seu crescimento. Que lhe soletrei as primeiras letras e a via , atenta, olhando os meus lábios e calando.matreira , a interiorizar o conhecimento. Gatinhando pela casa em movimentos de aprendizagem.

Os passeios pelas ruas da cidade, o parque infantil, os primeiros passos, as primeiras palavras, tantas  vezes soletradas por mim e agora da boca dela, confiante, com clareza e prontidão. Cresceu, e tornou-se numa menina muito bonita. É de uma beleza que me dói. E desenvolve o raciocínio de uma forma precoce que chega a assustar. Esmerei-me demais, penso ás vezes, mas não fui só eu. É um encanto de menina e talvez por ser uma menina, eu fale dela com uma outra emoção. Porque me fascina o ser mulher. Amo-a, como só eu sei amar.

À  Leonor. de quem sou avó pelo lado paterno, o meu desejo que cresça em harmonia do corpo com a alma, que seja amante do belo no seu pleno absoluto e que seja uma mulher do futuro. Cantá-la-ei até ao infinito.

Ao meu filho, pai da Leonor, desejo que faça da justiça uma balança equilibrada e que persista na senda da alma para que a felicidade de momentos seja uma constante na sua vida. Para a Ana Cristina, mãe da Leonor, a alegria de ser mãe, os sacrifícios sobre o seu corpo, para ser mãe. Uma saudação muito especial. Foi, é, uma mulher maior, de grande coragem e amor.

Voltei de novo a ser bafejado pela maravilhosa história da criação no passado dia 4 deste mês. Nasceu o Isaac, um menino de uma beleza expectante, por não ser muito natural que logo no primeiro dia, quando o corpo se faz ainda à realidade do exterior agreste, que os traços do belo se manifestem e se evidenciem, como no Isaac. Longa vida ao Isaac. De quem sou tio avô.  Que tudo lhe abra o sorriso da confiança na sua alma. Que seja um homem do futuro.

A minha sobrinha Raquel é uma das mais belas mulheres que conheço, sedutora, alegre, frontal, decidida, inteligente e linda, linda, linda. Sou o tio velho dela, mas fui sempre, desde menina.. Amo-a como só eu sei amar e desejo-lhe força no corpo e ventura na alma para levar por diante a dura tarefa que a espera. Ser mãe do Isaac até ao fim.  Saúdo o pai do Isaac, o Paulo Chora, pela determinação que impulsionou à sua vida e pela dedicação à mulher que é a minha sobrinha dilecta.

Espero, muito em breve, Outubro ou Novembro, poder saudar com a alegria a vinda de um outro neto, o Pedro. Mas até lá, que os meus olhos se alegrem com estas crianças lindas que me aconteceram e que fazem de mim um ser feliz.

 

27
Mai08

A NETA

samueldabo

É linda. Direi que é bela no seu conjunto absoluto de genes. Porque além de linda tem um sorriso genuíno e expressivo do que é na sua essência de si. E a voz soa musicada de dentro em silabas concretas e afirmativas do seu querer.

Ter visto a eco onde aparece disforme, quase monstro, e adivinhar, sentir, a transcendência do que virá, porque a sentimos no bater apressado do coração. E senti mo-nos nós lá, na totalidade de nós porque já não temos outra utilidade.

Estamos no limite de ela ser, porque somos a última referência tendo sido a primeira, dela no pleno da vida que lhe surge em emoções de alegria.

Ainda não há a dor. É apenas um ser indefeso de per si, que se sabe e sente defensável. É um ser a apreender tudo que ouve sente, vê e mexe. E vê-la revolver o que interioriza, reflectir já em si as impressões que lhe chegam que absorve com ligeireza, a interrogar-se quando interroga, e a transmitir de si a imagem da inteligência evolutiva.

Primeiro as letras, uma a uma, os números a que foi juntando afirmações. O dó, ré, mi em  entoação musical que te arrancava sorrisos, o tá tá  té té ti ti...O b  a   ba e por diante até ao hoje que contróis as palavras já em pré-conceitos do ser que cresce no teu corpo mimado de menina..

Lembro o esbracejar dos braços como se quisesses voar e as mãos batendo no tampo da mesa a chamar a atenção para a evidência de ti. As tentativas de gatinhar, mas movendo na direcção da retaguarda, as mãos a empurrar o corpo e não os joelhos e os teus gestos pela frustração de  não seguires o rumo que te indicávamos, ou seria porque era a ti que competia traçar o rumo e não a nós tão sábios a aprender-te de nós.

E naquele dia em que nos reencontrámos, na praia, e ensaiaste os primeiros passos e nós pensámos que o fizeras pela emoção da nossa visita e batemos palmas, todos e tu, exultante da alegria de seres capaz.

Minha querida menina, meu amor, meu milésimo de gene, de mim. O afã de te preparar para o mundo que vais ter que enfrentar. Tornar-te poderosa na tua essência para que o corpo, o invólucro que te acoberta a alma não te traia nas emoções do caminho

Agora já andas, corres e fazes tropelias. Mas tens a dimensão da humanidade que vais ser e preocupas-te comigo, com o que eu não sei de ti.

Queres mandar nas brincadeiras  e experimentar de tudo o que vês aos grandes. Tens pressa de ser grande, como eu tive e não sabia como sei que ser grande não é ser maior

se não se souber o que se é.

Meu amor de menina, quero que saibas que és a segunda mulher da minha vida, e ainda és só uma menina.

Espero por ti. Sempre

 

05
Mai08

MÃE QUE NÃO TENS QUEM TE VENERE

samueldabo

Mãe

Mulher abandonada

por amores perdidos no deserto da vida

Mãe a quem a vida tirou o filho a filha

sem rasto em raptos sem destino

e que não terás a mensagem no dia que inventaram

Mãe que lutas ainda por um filho ou filha

arrastados na desgraça das drogas

que enriquecem abutres sedentos e insensíveis

e não terás direito a um beijo de saudação

Mãe que perdeste por morte súbita ou acidental

o único fruto saido do teu ventre

e não ouvirás a sua voz ladina cantar-te os parabéns

Mãe que não foste ensinada a sê-lo e por mor disso

te retiraram o filho os filhos

 e não saberás sequer que  inventaram um dia com o teu nome

Mãe preversa abandonada pelos filhos que geraste

Mãe de presos, ladrões assassinos, violadores

Mãe de loucos

Mãe de mudos, cegos.surdos , e outras anomalias congénitas

Mãe Mulher

Mãe coragem

Mãe que já te foste desta vida

Eu te saudo , hoje , amanhã, depois...

Mãe

 

12
Fev08

A VIDA É BELA!

samueldabo

A vida é encantadora até por volta dos cinco seis anos, quando tudo o que já se adivinhava, disciplina  responsabilidade , começa a ser exigência abusiva.

Lembrar os primeiros sorrisos inocentes, o início dos passos imprecisos, as quedas aparatosas, as palavras que fomos acumulando, talvez desde o aconchego uterino, a surgirem em catadupa sem preocupações de estilo. Encanto.

O tempo corre em desfavor e depressa chega o primeiro emprego oficial, a escola. Onde os confrontos preparatórios do parque infantil, passam a valer a afirmação do carácter. Ser primeiro. Aplicar os conhecimentos adquiridos. Ser um espelho da família. Já!

As brincadeiras ganham o epíteto de traquinices, maldades, terroristas...

Mais tarde, os namoricos de circunstância, perdas de apetite e de estudo. Maus resultados, sermões , castigos. Desilusões que marcam e fortalecem ou resvalam os níveis de personalidade.

As dificuldades à vida prazenteira vão crescendo ao passar dos anos. Aprendemos a mentir para esconder uma verdade em que ninguém acredita. (vale mais uma mentira apaziguadora que uma verdade demolidora). A intriga, a inveja induzida ( aquele conseguiu, ou, é bem comportado,etc .)

Chegados à adolescência, testadas que foram muitas experiências, a vida e o mundo são um sonho  feito de sonhos concebidos no âmago de nós, ou colocados à nossa disposição, pelo mundo dos grandes que vamos ser, corrompendo-nos para uso dos seus propósitos e frustrações de grandeza. Isto só vamos aprender mais tarde, quando não podermos inverter o sentido da marcha.

O amor. Paixões efémeras que destroçam. Paixões sugeridas por uma insignificância, um fetiche, um tique, uma aparência libidinosa que nos trai. Paixões vendidas desde há milénios. O absoluto do ideal de beleza que não conseguimos assimilar. A formação defeituosa baseada em aforismos e demais banalidades.

O trabalho. Vencer a inércia dos valores estabelecidos. Inovar os meios de produção e o trato. Sangue novo. Lidar com trafulhas da eficácia e com gente acomodada. A censura que impede a progressão, corta o bico do rouxinol para que deixe de cantar. As traições de colegas em risco. As mudanças. E tudo de novo, mas com renovado fôlego.

Os filhos.  E vamos querer fazer tudo diferente. Mas o mundo alterou, não mudou. As mentalidades alteraram conceitos, não mudaram. Baralharam, e deram de novo, com o mesmo baralho viciado com que iniciaram a conquista da individualidade para o colectivo. A bem da Nação ou a bem do Povo, tanto faz. A bem dos accionistas ou a bem dos colaboradores.

Os netos são a última chance. Revivemos, então,  a nossa própria infância que não recordamos, a dos nossos filhos, que a preocupação com com o êxito da carreira não permitiu acompanhar.

 

 

registed by: Samuel Dabó

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2024
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Em destaque no SAPO Blogs
pub