O MEU AVÔ ERA DO MAR
A sua figura imponente, levemente dobrado dos esforços de puxa rede, puxa barco, arriba acima, corre, corre ao saco do peixe que se debatia em angústias de sede súbita e sem remédio.
Na cabeça prateada dos oitenta, o tradicional barrete, faça chuva ou sol. Na orelha, encaixada entre a patilha, à laia de lápis de merceeiro antigo, a agulha de madeira própria para coser as redes. Os pés descalços. Somente no pino do Inverno calçava meia de lã grossa e uns tamancos de sola de madeira.
A camisa de quadrados berrantes, a calça de cotim arregaçada a meia canela, deixando ver o branco das ceroulas e a fita caída que servia para prender quando se metesse na água do mar.
Fui seu companheiro nas pescarias nocturnas, para lhe fazer companhia. Eu que tinha medo do escuro e que, no regresso, o onerava com o meu peso ás cavalitas porque tinha os pés chatos e doíam-me da caminhada de quilómetros na areia leve das arribas.
Por fim cegou e foi a primeira morte da minha vida. O estranho ritual da despedida fúnebre, da maior e mais importante referência do meu ser. Relembro sempre as suas palavras:
COM ESTE TEMPO NÃO ANDES DESCARAPUÇADO RAPAZ!
E OS NOMEADOS SÃO
Azoriana Azoriana / Açoriana
Pincess-mrt Princess (^-^,)
Cigana CIGANA
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